Acho que já deu para perceber que o AVB culpa muito mais os jogadores pelo sucedido do que o treinador. Ou assimparece visto de fora. Os jogadores trm culpa certo, mas a culpa é muito mais do treinador, não só pelo jogo na Luz mas pela vergonha que é a equipa em jogos de maior exigência. Sim, mostrar raça e tal nestes jogos é tudo muito bonito mas a equipa joga 0, a saída de bola é cómica, a pressão ao adversário ainda mais cómica é e no geral a equipa coletivamente com e sem bola é medíocre. Isso não se resolve com raça nem são os jogadores que vão aprender isso sozinhos. Estou-me a cagar para os bons resultados contra as equipas fracas do campeonato quando tornarmo-nos num clube da meia da tabela quando a exigência sobre um bocado.
O Presidente fez o que era correto, tentando dar um sinal aos jogadores sem desautorizar publicamente o treinador. Atacar o treinador naquele momento teria sido contraproducente – ainda que todos saibamos que a responsabilidade pelo que se passa em campo recai, em grande medida, sobre ele. Conversas de fundo sobre o desempenho e a atitude da equipa têm de ser tratadas a portas fechadas, para não fragilizar ainda mais a posição do treinador.
Agora, é incompreensível para mim, que o próprio treinador tenha abdicado de dar a palestra no balneário após uma derrota tão pesada. Depois de um desaire desta magnitude, era essencial que assumisse a liderança, mostrasse responsabilidade e falasse com o grupo, não só para apontar erros, mas também para definir uma resposta clara. Quando o treinador decide não se dirigir ao grupo, está a enviar uma mensagem de distanciamento e até de desinteresse, algo que pode afetar gravemente a moral e a atitude dos jogadores. A ausência de reação do treinador depois de um jogo assim pode ser um reflexo da ausência de garra e de atitude que temos visto em campo, e talvez explique o porquê de o Presidente ter descido aos balneários – não só para espicaçar os jogadores, mas talvez também para compensar a falta de liderança e responsabilidade do treinador.
No entanto, o ideal seria que o Presidente nunca tivesse de intervir a este nível. Ter o Presidente a descer ao balneário é um sinal de alarme, um recurso que se usa em momentos críticos, quando já não há muitas alternativas.
O que mais preocupa é que esta equipa podia – e devia – estar muito mais bem trabalhada, nem que fosse ao nível dos processos mais básicos de jogo. Por algum motivo, esses processos fundamentais de organização, transição e coordenação entre setores não foram adequadamente desenvolvidos ao longo destes meses, mesmo quando vínhamos de resultados positivos. O pior é que, agora, depois de uma derrota destas e com a pressão a aumentar, corrigir o que não foi trabalhado desde o início será muito mais difícil e frustrante para os jogadores. Trabalhar sobre vitórias é sempre mais eficaz e permite aos jogadores desenvolver confiança; tentar reconstruir a equipa depois de uma derrota destas proporções é uma tarefa ingrata e complexa.