Isto podia estar em politica nacional ou internacional ( o último parágrafo é muito pertinente quanto a isso)
"Há gente que vai ficar para trás", incluindo cá. Moreira da Silva alerta que Portugal investe 3,5 vezes menos do que devia em ajuda pública
Não estamos com a velocidade necessária na ação contra as alterações climáticas. Esta é a mensagem do subsecretário-geral da ONU, Jorge Moreira da Silva.
Na CNN Portugal Summit dedicada à Economia Verde, o também diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS) lembrou que serão sempre os países mais pobres a sofrer as maiores consequências do aquecimento global, mesmo que não sejam eles os maiores causadores.
Ninguém fala de ajuda pública ao desenvolvimento. Portugal tem 0,19% do seu PIB atribuído, quando devia ser 0,7%”, criticou, falando numa “rubrica muito pequenina do Orçamento do Estado”, e que está 3,5 vezes abaixo do suposto.
“O nosso futuro está dependente disso, porque se não ajudarmos os outros na descarbonização, não vai dar”, acrescentou, lembrando que a grande injustiça dita que nem sempre os maiores emissores de poluição são os mais afetados.
Jorge Moreira da Silva alerta mesmo que “há gente que vai ficar para trás, incluindo em Portugal”, pedindo aos governos, numa lógica de revolução energética, que apoiem essas pessoas e empresas, porque “o mercado não vai resolver isso sozinho”.
E AGORA A PARTE MAIS IMPORTANTE É ESTA;
“Nós temos 750 milhões de pessoas que não têm eletricidade, temos dois mil milhões de pessoas que cozinha com lixo ou com lenha, temos 700 milhões de pessoas que se deitam todos os dias sem terem uma refeição decente… vamos dizer a estas pessoas ‘está na altura de sermos verdes’? É evidente que está na altura de sermos verdes, mas não vai funcionar sem solidariedade e ajuda internacional”, afirmou, lamentando que exista uma falha de mercado que vai impedir que o sistema funcione para todos.
É uma “falha a nível global” que só será corrigida quando houver um “salto de solidariedade” do Hemisfério Norte para com o Hemisfério Sul. Até porque o problema não é falta de dinheiro, garante Jorge Moreira da Silva, que sublinhou que existem 466 biliões de dólares (cerca de 429 mil milhões de euros) disponíveis no mercado, sendo que são precisos, para chegar aos objetivos de aquecimento limitado a 1,5 graus Celsius e neutralidade carbónica em 2050, mais quatro biliões de euros para apoiar os países em desenvolvimento.