O número de violações em 2023 foi inferior a 2022. A partir desse facto o resto do raciocínio perde um bocado de validade.
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) alerta para o aumento dos crimes violentos, como extorsão, roubo e rapto, no ano passado.
eco.sapo.pt
“As maiores descidas verificaram-se no roubo em residência (-15,3%), violação (-4,8%), outros roubos (-4%) e homicídio voluntário consumado (-7,2%).”
já agora na minha opinião a melhor maneira de controlar a imigração era fiscalizar uberes, tvde e o sector da agricultura e das pescas e ter mão pesada nas empresas que não cumprem as leis nacionais e empregam imigrantes ilegais. Mas sobre isso, não vejo medidas concretas. Vejo é o ódio a estrangeiros que já passou de africanos, para o pessoal genérico do leste (quem não se lembra das notícias diárias de assaltos violentos de gangs do leste da Europa) para ciganos, para brasileiros, a ser lentamente dirigido ao pessoal do Indostão. Não estou a dizer que seja o teu caso mas é uma retórica perigosa. Não há dados concretos que permitam associar as violações, cuja grande maioria é feita em contexto familiar, ao aumento da imigração do Indostão. Um ou outro caso isolado não é uma tendência. Se fosse, a taxa de violação em Portugal em 2023 tinha aumentado na proporção da imigração que vem desses países.
O RASI 2022 indicava 519. O RASI 2023 indica 494. O RASI de 2013 falava em 345 e o de 2019 em 431. De todo o modo, a maior parte dos casos de assédio ou violação não são denunciados.
Obviamente que a questão dos imigrantes foi uma deliberada manobra económica - não resultou.
O ódio aos estrangeiros sempre houve, mas a adesão pela maioria da população não. Falas no pessoal do leste - e recordo-me bem disso -, porém o nível de desconfiança nunca foi o mesmo que está a acontecer agora em relação aos indostânicos. Mesmo no que toca aos africanos, sempre foi um tópico muito dividido. O português médio nutre profunda desconfiança em relação aos indostânicos, de uma maneira que só vi acontecer com a comunidade cigana.
Repara que nos casos que citaste existe quase sempre um fundo de verdade. De facto existia um problema com gangs do leste, apesar do povo dessa região (que é culturalmente rica, não existe uma só cultura, aliás) ser trabalhador e pacato. Em relação aos brasileiros, o perigo do PCC e do CV não pode ser subestimado, não obstante o facto de a maioria dos imigrantes brasileiros não provocar distúrbios. A comunidade cigana padece de um problema, e a ênfase na mesma só "desapareceu" (ainda está bem presente na mente do português médio) do fórum público dada a mudança de retórica do Ventosga e do Chaga. Ainda assim, essa comunidade não era, nem nunca foi, a causa dos grandes males em Portugal.
Bom, em primeiro lugar, existem dados concretos em relação aos países de origem. Uma cultura de violação e impunidade existe no subcontinente indiano, e isso é inegável. Esperar que uma imigração em massa desses países não provoque um aumento dos crimes de violação aqui não é lógico.
Depois, temos de concluir uma coisa: apesar de não serem tão graves, coisas como perseguir mulheres, observá-las de modo indecente e mandar piropos são altamente danosas para a vida das mesmas. Se o nosso país (e todos de um modo geral) já tinha imbróglios desse nível que não davam às mulheres a mesma qualidade de vida dos homens, quanto mais com imigração desses países.
E não, a taxa de violação não tem de aumentar na mesma proporção da imigração.
A diferença entre o que estou a dizer e o que o Ventosga e cia. defendem é o seguinte: falo de culturas, eles falam de raça ou etnia. Vejam-se as medidas tomadas por países no norte de Europa, governados por partidos de esquerda.