Eu vou tentar ser o mais justo e imparcial possível.
Eu não gosto da forma de jogar do Porto. Há momentos em que uma equipa tem que saber procurar a profundidade, e há momentos em que a mesma equipa tem que saber pausar o jogo, circular bola... seja para arrefecer o jogo quando as coisas não estão a sair bem, seja para procurar abrir espaços numa equipa muito fechada e linhas recuadas. O Porto, e esta época nota-se mais, vive da procura da profundidade e parece incapaz de procurar caminhos alternativos. Podem-me dizer que a saída do Vitinha influencia muito essa questão, mas eu continuo a achar que o Porto tem jogadores com boa qualidade técnica para poder jogar outro tipo de jogo.
E o que está a acontecer é que qualquer equipa que joga contra nós, o está a fazer com linhas mais recuadas para dificultar a identidade dessa busca da profundidade, e depois procura aproveitar o balanceamento ofensivo natural da nossa equipa para em contra ataque ou num erro individual conseguir marcar. Uma outra alteração que os adversários estão a fazer tem a ver com a saída de jogo. Anteriormente nós éramos muito eficazes numa primeira zona de pressão e marcávamos muitos golos com recuperações de bola perto da baliza adversária. Hoje isso não está a acontecer. E isso deve-se a meu ver a duas situações. Em primeiro lugar a um desgaste muito grande da equipa a nível físico e que se reflete na agressividade sem bola dos jogadores. E por outro lado, a um alterar da abordagem dos adversários que não se importam de bombear a bola para o meio-campo e nos dar bola para evitar desiquilibrar a equipa com uma perda de bola.
Depois temos também a situação do posicionamento dos jogadores. E isto é particularmente notório pois nós jogamos sem uma referência no ataque. Quer o Taremi com movimentos para a esquerda, quer o Evanilson com movimentos para direita acabam por tirar soluções das zonas de finalização. O facto de jogarmos com dois pontas de lança é também só por si bastante exigente taticamente com a equipa, pois o jogador que normalmente deveria fazer o papel de ala direito, normalmente o Otávio, acaba por ter que fazer movimentos para terceiro médio e deixa a ala toda para o lateral que acaba por ficar bastante exposto defensivamente. Da mesma forma o Eustáquio hoje fez muitos movimentos para a esquerda a cobrir as subidas do Wendel, o que depois também desiquilibra a equipa no meio-campo. Acho que isto é demasiado complexo taticamente e acaba por sujeitar os jogadores a um esforço em demasia que se está a pagar quer na forma física de alguns jogadores, as lesões ao longo da época e, para mim sobretudo, a dificuldade demonstrada nos momentos de definição.
Sobre as opções relativamente a determinados jogadores, eu não sei o que motiva determinadas opções. Eu não assisto a treinos. Não sei o que se passa na vida dos jogadores. Poderão haver milhares de razões para determinadas opções. Mas eu confesso que não entendo a opção por Evanilson face a a outro jogador qualquer, pois é claro que ele ainda não recuperou a melhor forma desde a lesão, e há outros jogadores neste momento com melhor rendimento.
Não quero com isto dizer que o Sérgio é o pior treinador do mundo, ou que eu percebo mais disto que ele... Simplesmente eu não me rejevo a forma de atuar da equipa e acho que temos jogadores para apresentar muito melhor futebol do que o que temos apresentado. Não acho que o Sérgio seja o principal problema dentro do clube. Aliás, espero que os sócios corrijam esse problema nas próximas eleições. Mas acho que não podemos ignorar que há opções do Sérgio que não estão a funcionar e que se prendem com mais do que um ou outro jogador.