Os meus dois cêntimos em termos de reflexão sobre este início de época:
1. O Porto não pressiona de forma tão eficaz quanto fazia em anos anteriores e o problema começa na frente. Os homens da frente, com Evanilson à cabeça, não estão tão agressivos na pressão e isso coloca problemas à equipa. Os nossos princípios de jogo obrigam a que os níveis físicos e concentração estejam sempre no máximo porque basta chegarem atrasados meio segundo ao portador que toda a equipa vai-se ressentir em termos defensivos, sobretudo se tivermos um adversário que saiba circular rapidamente a bola.
Exemplos paradigmáticos disto são os jogos contra Rio Ave, Chaves e Brugge.
2. A equipa revela uma dificuldade monstra na primeira fase de construção.
E aqui entra na equação Vitinha. No ano passado, era quase sempre Vitinha que recuava para próximo dos centrais para o Porto sair a jogar. Ele conseguia fazê-lo mesmo sob pressão, quer saindo em condução, quer metendo logo o primeiro passe.
Isso leva a que a equipa, este ano, esteja a jogar muito mais na profundidade desde os centrais (o tal bombo), o que, aliado à menor eficácia na pressão e nas segundas bolas, leva a que os adversários estejam mais confortáveis no jogo e tenham mais capacidade de nos ferir.
3. Problema na zona central da defesa
Estamos a cometer muitos mais erros em termos da zona central defensiva, muitos deles erros individuais. Isto deve-se ao facto de, quer Carmo, quer Marcano, não estarem ao nível de Mbemba que era muito forte em termos de posicionamento e leitura de jogo.
4. A equipa respira pior com bola.
Vitinha era o cérebro da equipa e pautava o jogo da mesma. Acelerava e pausava. Distribuia, recebia e roubava. Sempre com critério. Fábio também acrescentava muito critério e criatividade sempre que jogava ou entrava. Actualmente a equipa não tem ninguém que pense o jogo na zona central do meio campo. Tem jogadores, isso sim, que fazem a bola correr, o que é diferente. O nosso jogo está muito menos trabalhado, pensado, há muito menos criatividade. É um jogo de aceleração constante porque a bola está sempre a correr.
5. O problema nas laterais já existia no ano passado, só que eram mascarados. Devido aos pontos anteriores, são este ano mais visíveis.
6. Incapacidade de desequilíbrios nas alas
Diaz ate Janeiro conseguia resolver muitos jogos quase sozinho. Tinha uma capacidade de desequilíbrio brutal, fosse em velocidade, fosse no 1x1, esticando muito o jogo e conseguindo criar oportunidades do nada.
Francisco Conceição quando entrava também agitava bastante o jogo.
Galeno tem aquela capacidade de desequilíbrio em termos de velocidade mas raramente é consequente devido à sua conhecida má decisão. Pepe também tem muita velocidade mas noto que nem sempre tem critério com bola e o facto de andar noutras zonas do terreno também não parecem estar a ajudar.
Obviamente que o nosso treinador, melhor do que ninguém, sabe onde repousam os problemas da equipa.
O que temo é que os interpretes não permitam ultrapassá-los a contento e de forma tão célere quanto precisávamos.
Já o disse e cada vez creio mais nisto:
Este plantel tem mais perfil para a transição ofensiva do que para ataque organizado.
O Porto estará sempre melhor e mais confortável jogando com o bloco mais baixo do que seguindo os princípios de jogo dos anos anteriores.
(Desculpem o texto longo)