Será natural e justificável imputar-lhe responsabilidades pelo que sucedeu ontem. O Porto não pode ser goleado em pleno Dragão por um clube como o Brugge, em circunstância alguma. Das objecções que me parecem pertinentes, realçaria a instabilidade quanto ao onze-tipo e a estratégia de jogo a adoptar. Tema recorrente, se recordarmos indefinições passadas que atrapalharam outros arranques de época. É certo que esta dificuldade relaciona-se directamente com o que (não) foi feito durante o mercado. Não encontrando jogadores de perfis semelhantes, torna-se necessário afinar o modelo. Agora... por maior que o obstáculo seja, torna-se necessário definir um rumo. Não se pode trocar tudo de jogo para jogo nem andar em constantes remodelações. Neste momento a equipa fraqueja na tentativa de apresentar um plano base. Mais difícil se torna fazer a gestão corrente do plantel.
O jogo de ontem parece-me um caso em que tudo correu excepcionalmente mal. Sendo certo que a equipa soma um registo duvidoso no que toca a derrotas europeias no Dragão, coisa que não deve ser menorizada, em nenhuma se viu tamanho desacerto. A forma como a equipa acusou o momento foi algo de espantoso, derrocou por completo perante a adversidade. Não pode acontecer. O líder tem de assumir culpas, como é natural. Tal como os atletas devem reflectir sobre as suas prestações. Ontem viu-se dos desempenhos individuais mais horrendos.
O problema da qualidade far-se-á sentir ao longo da temporada. O plantel continua a minguar, piorando pelo mau momento de jogadores-chave e por um calendário que será bastante denso. Um clube como o Porto não pode ter posições onde o titular poderia ser determinado por moeda ao ar. Temos jogadores a jogar abaixo do que podem, ex. Otávio e Uribe, o nosso melhor central tem quase 40 anos, e é um monstro, mas... se tem de jogar sempre... há alguns atletas que, creio, jogam no máximo das suas capacidades e não têm especial margem de progressão... muita gente por se afirmar, e uns quantos que, até agora, revelam qualidade para saltar do banco, ser uma opção útil aqui e ali... no entanto não se pode ter demasiados futebolistas que "são úteis desde que não joguem muito tempo".
A Liga dos Campeões está por um fio, mas o campeonato continua por disputar, tal como as restantes provas internas. Há que arrepiar caminho, definir um rumo, tirar mais de quem se encontra em subrendimento e ser competitivo.