Nem todos estarão dispostos a combater noutro país, ou no próprio, acrescento, mas a fraternidade supranacional é bem visível, e muitos estão dispostos a acolher cidadãos ucranianos nas suas comunidades ou a abdicar de parte dos seus rendimentos a favor de uma sociedade geograficamente distante. Não tão distante no plano emocional. Muitos cruzaram o continente para prestar auxílio humanitário. Não é necessário chegar a esse extremo (embora exista quem por lá lute), pois as diferentes filiações convivem simultaneamente, não se excluem entre si. É possível ser-se português e europeu. Aliás, a consciência de se ser europeu, da união, tornou-se mais visível durante esta crise.
Tem o seu interesse. Se uma nação estabelece uma distinção entre nós e eles, a identificação profunda com o povo ucraniano, ao ponto de se aceitar a sua inclusão no nós, não deixa de ser significativa.
Será que os bascos se mobilizariam pelo interesse espanhol? Que todas as nações britânicas rumariam para o mesmo lado? Há não muito, em muitos lugares do continente, não faria grande sentido pensar em termos de Estado-nação, sequer de fazer coincidir uma coisa com outra, ... . E quem sabe como nos identificaremos daqui a cinquenta, cem ou duzentos anos. Se o projecto europeu se consolidar, é possível que essa fidelidade se torne mais forte. É circunstancial.
Por uma federação europeia não? E por uma federação humana?