Tens razão no que dizes, mas não te esqueças que a Rússia não é santa nenhuma nesses mesmos pontos em que criticas a NATO. Os mísseis russos estão também localizados esmagadoramente no lado da Europa, e fazem questão, tanto eles como a Coreia do Norte, de dar a conhecer os avanços que fazem no alcance dos mísseis, que são ameaças veladas aos EUA.
A Guerra Fria não terminou, apenas mudou de cenários e atores. Tens os EUA a defenderem os seus interesses económicos pelo Médio Oriente, lançando guerras, cujos argumentos são criticáveis, mas que do outro lado tem normalmente um ditador patrocinado pela Rússia (e também critico a posição dos EUA na Arábia Saudita). Tens grupos terroristas como o Hezbollah e outras intifadas em todo o Médio Oriente e norte de África com o alto patrocínio do Kremlin, com o objetivo de deixar toda a zona em redor da Europa num caos político com pouca produtividade, de forma a obrigar às importações de leste. Tens todo um conflito geopolítico a decorrer na América do Sul, onde a Rússia ativamente procura controlar os países (Chile, Nicarágua, Venezuela, Cuba, Argentina, Bolívia, só para lembrar alguns mais sangrentos) e onde os EUA trabalham mais dissimuladamente com sanções económicas e agências externas.
Basicamente, tens o mundo partido em dois há muito tempo, agora com uma terceira força emergente, que em termos de presença geopolítica tem apenas investimento e pouca presença militar, apesar do seu poderio. Discordo da tua visão da China: A China, acima de tudo, quer manter a presença nos países ex-URSS não aliados à Rússia. São vários os países naquela zona que têm procurado se manter à mesma distância dos blocos americanos/russos, e a China tem aproveitado isso para ganhar uma presença económica e obter recursos naturais. Ainda assim, como a própria Europa, a China também depende da Rússia para gás natural e energia. Mas não acredito que a China entrasse numa guerra para garantir uma posição económica, muito menos porque a soberania da Rússia não está nem nunca estará em causa, e portanto o modelo russo manter-se-á inalterado. Talvez com vantagem para a própria China, porque a Rússia irá precisar de encontrar "novos" mercados de exportação a preços mais competitivos para manter a economia a funcionar e terá na China um alvo preferencial.