Entendo, é uma wish list. Vamos em quê? 200.000 anos de homo sapiens?
A felicidade e a realização pessoal dá-me sempre a sensação de hoje em dia serem uma palavra gasta e usada à falta de melhor percepção, mas acredito q poderiamos ter algo muito mais real se fizessemos um back to basics e nos vissemos como parte integrante da natureza, vivessemos mais o local em vez do global. Mas não...vivemos isolados...um arquipélago de ilhas gigantesco a consumir a surrealidade do q se passa a 1000kms ignorando o vizinho. Nunca me parece q fomos feitos para sociedades tão grandes mas sim tribos pequenas, a escala ultrapassa-nos e torna a vida ilegível.
Dito isto...acredito q podemos lutar mais uns pelos os outros, isso podemos. Duvido muito do resultado mas podemos ter essa dignidade, esses tomates no sítio.
A conversa ficou séria... abraço.
Uma wish list para os meus futuros companheiros de espécie, consigam eles fazer melhor com o mundo que encontrarem. É importante idealizar novos caminhos e realidades, debater ideias de vanguarda (exemplifico com o rendimento mínimo universal ou a redução da jornada de trabalho). Quem acreditaria, desconhecendo a história humana, que vivemos em cavernas, sob o jugo de reis despóticos, em escravatura, divididos pelo preconceito e pela ignorância, sem liberdade nem direitos, trabalhando durante 13, 14, 15 horas por dia... ? A grande mudança é inevitável, por fantástica e fantasiosa que soe hoje. O que nos falta é uma perspectiva do tempo longo. É natural, pretendemos que as coisas sucedam no nosso tempo de vida. Resta-me ter algum apreço por coisas deste tipo:
Semana de trabalho de 4 dias? Experiência islandesa foi ″um sucesso″ (dn.pt) ,
Islândia testou semana de trabalho com quatro dias e foi ″um sucesso″ (jn.pt).
A globalização avançou sem mecanismos de controlo. Exportaram-se modelos económicos, criaram-se novos mercados, batalhões de mão de obra semi-escrava, num processo que beneficiou, acima de tudo, aqueles que já detinham maior poder. Vivemos em economias integradas, com mercados e cadeias de produção globais, fluxos perpétuos de bens e serviços... mas os mecanismos de distribuição de riqueza, os instrumentos niveladores e de equilíbrio ficaram na gaveta. Viva a desregulação e o mercado que se auto-regula. Auto-regula-se pevas: os agentes com maior poder manobram-no em benefício próprio. Mérito da elite, que conseguiu convencer organizações e massas de que os princípios económicos reinantes trabalham em benefício de todos. As notícias são recorrentes: meia-dúzia de gatos pingados detêm igual riqueza a metade, 60, 70%... toda a população mundial restante. Onde está a racionalidade disto? É certo que vivemos uma explosão demográfica - desigual, com ventos invernosos no ocidente, que começam a fazer-se sente a este -, mas há riqueza suficiente para uma vida digna para todos. Nem podemos negar a melhoria das condições materiais de vida a milhões que vivem miseravelmente. O problema é outro. Mas também é esse, o das possibilidades dos recursos naturais.
Também simpatizo com a valorização da comunidade, pois é nela onde podemos ter maior impacto - por menor que seja o alcance da acção individual. Seria importante fortalecer as redes sociais próximas. Isto sem nutrir especial gosto por ideias de nacionalismo e muito menos isolamento ou fronteiras rígidas. Creio que o nosso lugar é aquele onde nos sentimos melhor. Enfim, somos portugueses por mero acaso, um golpe de sorte ou azar, poderíamos ser outra coisa qualquer. Casualidade que deveria influenciar a nossa atitude face ao Outro. A globalização trouxe também aspectos positivos.
Creio que a agressividade, as tensões, os preconceitos... têm muito que ver com um sentimento geral de impotência face a processos maiores, que individualmente não controlamos. A uma percepção de falta de poder e mal-estar. Sensações justificadas, que posteriormente se manifestam de forma nefasta, pois desconhece-se o que fazer e como influenciar o sistema. Há que ir aos fundamentos e pensar no que se quer para o futuro.