A mim o que me faz confusao é as pessoas pegarem numa parte da historia e por livre arbitrio baseado em nada acharem que este é que é o normal.
Eu até estou à vontade para falar porque nasci quando o FCP tinha começado a dominar ha pouco tempo. Cresci a ver o Porto ganhar regularmente. Muito mais que os outros.
Hoje o cenario esta diferente. Ja nao se ganha tanto. Ja nao ha uma hegemonia.
Mas que autoridade sou eu, adepto que cresceu a ver o FCP a limpar tudo, para achar que ganhar é um direito divino ou uma obrigaçao porque por sorte a minha existencia coincidiu com a melhor fase da historia do FCP?
E os que nasceram em 1940/50/60/70? Que acham essas pessoas desses novos adeptos que tem a desfaçatez e arrogancia de achar que ganhar quase sempre é o normal (omitindo mais de metade da nossa historia) e uma obrigaçao?
A realidade é so uma, o futebol causa (ou melhor, pode causar) danos emocionais terriveis. O tuga entao é dos exemplos mais flagrantes até pela rasquisse natural que engloba o desporto português e a evidente ausencia de cultura desportiva. Causada tambem pelas muitas inegalidades/injustiças que acompanharam o desporto português desde sempre e que criaram uma bolha de fanatismo tremenda e extremamente acicatada pela chico espertice do dirigismo tuga (nao so no desporto mas para este caso é o que interessa) que nao olha a meios para atingir os seus fins.
Isto levou a que o adepto tuga se tenha tornado extremamente intolerante ao fracasso e seja altamente incapaz de aceitar a realidade e essencia do desporto: ganhar e perder.
Essa intolerancia até o leva a ter a tremenda halucinaçao sob a forma de convicçao de que ganhar (e festejar) é um direito (e até mais, uma necessidade) que lhe assiste por natureza e que se isso nao acontece é : um escandalo, inaceitavel, fica aziado, vai ter que levar com bocas dos adeptos rivais, vai ter de levar com festas alheias na TV, etc etc. E isso claro nao pode ser. O tuga nao lida.
E como nao sabe lidar, so ha algo que se aceita e que o seu cerebro ja registou como sendo normal: ganhar.
So que nao.
Sem desprimor pelo que foi escrito, tenho que acrescentar alguns pontos, que não consigo concordar:
1. Nem eu acho que ganhar sempre é uma obrigação, como também não devem esses adeptos de 1940, 50 e 60 achar que "no matter what, PDC forever". É esta forma de "aceitar" as coisas que levou o clube / SAD ao estado em que estão actualmente.
2. O facto de ter ficado lixado com a derrota não implica que seja pelo facto de ter perdido. Há mais vida num clube que ganhar, perder ou empatar. Se calhar aquilo que me deixou lixado é que aquilo que vi é consequência das transformações que ocorreram nos últimos anos no clube, cujo resultado será mais empates e/ou derrotas, que antes. Não porque não podemos ganhar sempre, mas sim porque deixamos de ser competentes naquilo que éramos. E isto sim, deixa-me irritado.
3. Um clube que tem nos seus quadros jogadores como Manafá e Marcano está sempre mais próximo de perder (não incluo aqui Nanu, porque acredito que ele vale mais do que tem mostrado até agora, quando aparece no 11). E também porque ninguém, no seu perfeito juízo, vai buscar dois anos depois um jogador que saiu a custo zero e ainda paga ao anterior clube o prémio de assinatura que este lhe pagou, quando o jogador cagou para nós. Não satisfeitos, ainda vamos dar-lhe um contrato de 4 anos, talvez porque temos medo que ele volte a sair a custo zero... Um jogador que em vários jogos demonstra deficiências claras de posicionamento e que, em minha opinião, está umbilicalmente ligado aos 3 golos sofridos nos Açores. Provavelmente teve azar de estar três vezes no sítio errado.
Infelizmente também não consigo perceber como se vai comprar mais 40% do passe do Manafá...provavelmente também devemos ter recebido uma proposta de 30 milhões por ele, e queremos segurar a pérola..
4. Não confundir, NUNCA, o ganhar sempre com o jogar bem, o fazer o máximo para ganhar. Isto é válido para os jogadores, equipa técnica e gestão do clube e SAD. Nós adeptos, ao prescindirmos do nosso direito de criticar (construtivamente) quando devemos criticar, só estamos a dar azo a que alguns se achem intocáveis, inimputáveis, Deuses. E isto não é o que fez do Porto aquilo que o Porto é, ou foi, ou poderá vir a ser...