Vou só cingir-me ao sublinhado. Posso dar-te alguns exemplos que demonstram que durante a história existiram, e continuam a existir e existirão atrocidades que foram/são e serão iniciadas exatamente pelo poder da palavra, da ideologia, do semear nas pessoas uma semente de maldade de revolta e de violência. E que nos dias de hoje exista quem ainda não entendeu isso assusta-me de facto.Não sou polícia. Não pertenço a nenhuma força de autoridade. Não sou empregado do estado. Tu é que o assumiste.
Entre ver o meu filho ou a minha mulher agredidas ou pior e eu ir à barra dos tribunais porque dei um balazio num meliante, eu prefiro claramente a segunda. Só peço que isso nunca aconteça, porque sei que vou ter o devido castigo. E se quebro a Lei, tenho que pagar. Simples.
Torno a dizer, ao longo da minha profissão lidei com muita, muita gente com as mesmas ideias pacifistas que tu ( que aplaudo ), mas para se atingir a paz, muitas vezes os fins são violentos.
E sem uma força de autoridade forte, dissuasora e respeitada não existe estado de direito.
Abjecto para mim são acções. Não palavras. É um miúdo estar numa fila para um bar e levar um banano e ficar por ali. É haver grupos que causam o pânico no Alentejo, sem que o Estado os detenha. É turistas agredirem polícias. É parvalhões com uma sirene da polícia a gozarem e a coagirem o simples cidadão. É não se poder ir a certas zonas do Porto e Lisboa ( não são bairros! ) a partir de certas horas. É a total inoperância do Estado perante o aumento da violência. É a total passividade do Estado perante a degradação da democracia. Porque sem segurança, não há democracia.
Vocês focam-se muito em palavras. Porque isto é mau de se ser dito. Porque aquilo não se diz. E pouco na prática. A indignação é gourmet. Seletiva.
Ninguém pede milícias. Pelo menos sou absolutamente contra isso. Peço mais rigor, rigidez e disciplina na aplicação da Lei. Tudo dentro dos trâmites legais. Sou contra a perpétua. Contra a pena de morte. Isso é barbárie.
Mas nada tenho contra o cidadão que se defende, perante a ameaça de terceiros e uma vez que o Estado é incapaz de o defender. Terá que se submeter ao tribunal depois. Mas pelo menos está cá para se poder defender.
É peço menos choro por um criminoso. Peço mais choro pela mãe do Paulo. Peço menos simpatia pelo traficante. Peço mais simpatia pelo polícia que o consegiu apanhar. Menos simpatia por um meliante que leva umas bastonadas da autoridade. Mais simpatia por um agente que foi parar ao hospital por tentar impedir um monstro de matar a companheira.
Peço mais simpatia pelo bem e abjecção pelo mal.
Quanto ao resto, pedes maior rigor na aplicação da lei e depois defendes a justiça popular. Não é fácil entender este argumento.