A questão do Gonçalo é apenas um sintoma do grande problema que reside no FC Porto:
A ausência clara e inequívoca da falta de políticas de formação.
E quando falo em formação não me refiro aos sucessos das equipas jovens mas sim da capacidade em integrar esses valores na equipa principal.
Desde o início das transferências sem grandes restrições (lei Bosman) que contamos pelos dedos os jogadores que saíram das nossas escolas para as equipas principais.
Se nos anos 90 ainda fomos vendo alguns casos de sucesso, de 2000 para a frente tem sido um vazio de aproveitamento.
Optamos por apostar as nossas fichas nas contratações de talentos fora de portas.
É uma política legítima e que, a bom da verdade, sempre nos demos bem com ela e que foi adoptada por grande maioria dos grandes clubes europeus. No entanto, o paradigma mudou completamente e não há clube europeu, neste momento, que não valorize a formação e tenha apostado forte nas mesmas (uns mais outros menos mas é inegável a aposta).
Ora, o Porto nem por isso.
Vejamos o caso da academia que, na minha opinião, é exemplificativo daquilo que estou a falar.
Se esta ainda não saiu do papel não se deve exclusivamente a licenciamentos e financiamentos. Deve-se, em grande parte, à falta de compromisso do clube em apostar com outro fulgor na formação.
Se houvesse real vontade a academia já estava pronta e mais que pronta.
A própria escolha de SC como treinador é um sinal claro de que a formação não está no topo das prioridades.
O valor do SC enquanto treinador não tem de ser posto em causa. Mas é inegável que este não o perfil de um clube que tem a aposta nos jovens como prioridade.
SC herdou uma das melhores fornadas da história do clube. Contudo, e por muito que até esteja a trabalhar diariamente com muitos desses jogadores, não há uma aposta clara.
Digam o que disserem, apostar num jovem não é chamá-lo à equipa principal e dar-lhe minutos aqui ou acolá.
Apostar é dar-lhe a titularidade hoje e mesmo que cometa erros (todos cometem) dar-lhe a titularidade amanhã.
Só assim é que eles crescem e só assim é que podemos tirar ilações quanto à qualidade destes.
O que me chateia é este discurso de que vamos trabalhar com a formação mas os actos vão sempre no sentido oposto.
Ou vendemos à primeira oferta que nos aparece, ou andamos a usa-los como moeda de troca, ou andamos a dar-lhes meias horas jogo sim, jogo não.
Assumam de uma vez por todas.
Se querem apostar na formação comecem a ter atitudes dignas disso. Dêem segurança aos miúdos que estão a ganhar palco e dêem-lhes a perceber que a oportunidade deles surgirá naturalmente.
Se não querem, assumam!
Andar com este discurso para boi dormir é que já não aguento.