... há coisas desgraçadas, uma das últimas imagens deste europeu lusitano é a de Bernardo Silva a tentar perturbar o remate de T. Hazard, atrasado e em vão. Filme repetido. Bernardo Silva nas covas, ultrapassado não por Gosens mas por outro lateral/médio ala... E nenhum dos companheiros teve o discernimento necessário para fechar aquele espaço. Mais um erro repetido: jogadores a correrem tresloucados para trás, oferecendo de mão beijada a zona que antecede a grande área. ... para quê tantos cuidados quando se defende tão sofregamente e à maluca. Faltava Patrício juntar-se à festa. Desse mais um passo à direita e batia com a cabeçorra no poste. Mas enfim, este salvou Portugal no encontro anterior...
A Bélgica tem boa selecção mas vimo-la atarantada no embate com a Dinamarca. Precisávamos de um treinador com qualidade suficiente para, recorrendo a uma artimanha táctica, a uma estratégia bem pensada, controlar as partidas de forma positiva, de olhos na baliza adversária... e este adversário de hoje estaria ao nosso alcance. Com De Bruyne a meio gás, E. Hazard feito uma sombra de si próprio... não seria nada de colossal. Havia atletas suficientes para outro tipo de futebol. Em 2016 tinha William em boa forma, Adrien e João Mário em bons momentos (... para quem olha a selecção com olhos de adepto de clube, aqui fica a recordação de que fomos campeões europeus com jogadores da lagartada), Renato no quarteto do meio campo... e Nani e Ronaldo na frente. Era um onze melhor adaptado ao conservadorismo do treinador. Em 2021 tenta a mesma fórmula com Bernardos Silvas e Brunos Fernandes, com Moutinho a meio gás, William sem gás algum... depois os jogadores não defendem convenientemente... era mais ou menos expectável.
O seleccionador teve tempo suficiente para montar uma equipa ofensiva, com outro tipo de abordagem aos jogos. Tinha Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Diogo Jota, André Silva, Ronaldo... podia meter Bernardo Silva no meio, jogar com André Silva na frente... o que quer que fosse. Encontrar um modelo adequado ao talento disponível. Algo que efectivamente funcionasse... que fosse mais do que escolher os que são individualmente melhores ou muito bons. Parece que tentou um truque meio rasca para encaixar Bruno Fernandes e Bernardo Silva, com a solidez de papel da parelha William-Danilo e depois, face ao descalabro, voltou-se para quem tinha no banco. Infelizmente tem um Moutinho com mais 4 ou 5 anos em cima. Um Renato Sanches que precisa de ser bem enquadrado. A sensação que dá é a de que foi tudo feito em cima do joelho. Como Scolari em 2004, ao ser confrontado com a falência das suas opções iniciais. Estas grandes competições requerem algum coisa mais consistente, um trabalho já consolidado. Foi uma maluquice do princípio ao fim.