Ora muito bem.
Esta renovação é uma vitória pessoal de Pinto da Costa. Desta vez, bem pode dizer que SC era a primeira, segunda e terceira opção. Com 83 anos, PC já não tem energia/vontade para grandes mudanças. Estabilidade e continuidade são as palavras de ordem. Saindo SC temia por quem recairia a sucessão, que não duvido que passaria por um ex-treinador, muito possivelmente Luís Castro ou NES.
Sérgio Conceição quis sair, teve pé e meio em Itália, mas é também uma pessoa com grande respeito e devoção ao presidente. Não duvido que a vontade tremenda de PC em continuar a contar com ele tenha mexido com o treinador. Terceira renovação de contrato, aposta de maior longevidade da história do clube, e a insistência de PC em ficar com ele já quando SC negociava a saída para Itália.
Confirmada a continuidade, não tenho dúvidas que as motivações de SC não são, não eram, financeiras. Quatro anos de FC Porto representam um desgaste enorme e o fim de ciclo não seria menos do que natural e aceitável. Ficando, SC tem que ter recebido, da parte de PC, garantias de que as pretensões (visto que o mister não gosta da palavra "exigências") para o plantel e para a estrutura conunicacial do clube vão ser correspondidas.
Não é notícia, não sou fã da proposta de jogo de SC nestes 4 anos de FC Porto. É competitivo, gosto, tem um dos planteis menos valiosos e com menos fator individual de "match-winner" nos últimos anos, tem tido rivais relativamente fortes na Liga, está (quase) sempre na luta.
Quem acha que ser competitivo é pouco, porque no FC Porto o que importa é só e apenas ganhar, convém lembrar: nos últimos 8 campeonatos, ganhámos apenas 2; nas últimas 10 Taças de Portugal, apenas uma; Taças da Liga, nenhuma para amostra.
Para colocar em perspetiva, nas últimas 30 competições do calendário nacional (tirando as Supertaças), ganhámos apenas 5. Sérgio Conceição é responsável por muito do pouco sucesso que temos tido, mas também por algum insucesso, sobretudo nesta última época.
Tenho, por exemplo, curiosidade de ver uma equipa de SC sem Marega e com laterais de jeito. E enfim perceber se SC tem uma proposta de jogo que precisava de um Marega, ou a proposta de jogo foi ao encontro das características do Marega. Seja como for, jogamos pouco. Muito pouco. Na época passada, em termos de I Liga, tivemos 6 ou 7 bons jogos. O resto, a maioria, sofrível.
O problema nem está nos golos marcados, pois o FC Porto de Conceição está sempre acima da média. O problema é a extrema incapacidade em controlar e dominar os jogos, a fraca transição defensiva, a previsível e limitada manobra ofensiva... Perder 2 titulares já em cima do fecho do mercado (e sem substitutos à altura) não ajuda. Mas viu-se pouco futebol. Pouca segurança. Pouco Porto.
Um dos maiores desafios de SC passa por ter que aprender a ganhar jogadores fora dos treinos. Se continuar a malhar na teoria de que a única coisa que importa é o trabalho nos treinos, vai correr mal. SC pode fazer um exercício: ver as entrevistas no Porto Canal de ex-jogadores do Mourinho. Bicho, Maniche, Costinha, seja quem for, todos fizeram merda nos treinos ou nos jogos, mas o Mourinho sabia mexer com eles e recuperá-los, mesmo após castigá-los. Se nos dois primeiros anos acho que SC espremeu e aproveitou muito bem o plantel (sendo, para mim, a exceção Oliver), nos dois últimos anos não foi o caso, sobretudo neste último. Má gestão do plantel, e essa fatura paga-se não só quando falta a primeira linha como também quando a segunda linha tem que avançar.
Sou defensor de que contratar um treinador deve ser contratar uma proposta de jogo, e nesse sentido as contratações devem (ajudar a) servir as ideias do treinador. Que ideias são exatamente essas, vamos conhecer mais em detalhe, agora sem Marega. Tenho dúvidas que SC vá cumprir os 3 anos de contrato, acho este vínculo um risco tremendo, mas SC saberá melhor do que ninguém no que se está a meter e que condições vai encontrar.
Vai ser uma época difícil, um defeso atribulado, dificuldades nas vendas e entraves nas compras. Ou seja, nada a que SC já não esteja habituado.
Boa sorte, mister.
