Particularmente por ser da minha área de interesse, vai ser fascinante ler os artigos e estudos que serão feitos sobre a nossa "histeria" coletiva a lidar com toda esta situação nova. A ânsia de descobrir culpados e de apontar dedos, mas acima de tudo o paradoxo de sentirmo-nos compelidos a tornar simples o que é complexo (todos assumem ter facilmente a solução para a medida preventiva para a pandemia mas os governos "incompetentes", a uma escala mundial, é que nao as querem aplicar, não percebem nada disto) e de simultaneamente negarmos explicações simples para algo tao complexo (as teorias da conspiração que florescem por aí para negar o óbvio, porque que isto não pode ser só uma mera doença ou pandemia que apareceu naturalmente, tem de haver motivos, tem de haver mais densidade no enredo, não conseguimos aceitar que toda a nossa civilização sucumba por algo tão "pequeno e insignificante" porque isso faria de nos igualmente pequenos e insignificantes), tudo isto vai ser estudado ao detalhe e será fascinante para uma nova re-apreciação da nossa visão antropocentrica do mundo.
Mesmo dos "opinion-makers" mais moderados/ponderados tem-se vistos posições de bradar aos céus. Ainda hoje via o Carlos Guimarães Pinto, um dos políticos que ate considero ser dos mais sensatos, a dizer "não nos podem prender a todos". A fadiga mental de todos nós vai ser muito difícil de combater. Muito.
É também por isso que só com o devido distanciamento histórico é que vão ser feitos os juízos mais justos; até lá vivemos (os que podem) na nossa pequena bola de viés individual que assombra qualquer posição que tomemos nesta fase.