A questão é que essa fraca transmissão ao ar livre é estudada em situações distintas das que já referi anteriormente e que neste momento não estão incluídas na nossa consciência coletiva como situações em que a mascara tb deve ser aplicada.
Agora as autoridades ou ate mesmo outro civil comum tem a legitimidade para intervir e pedir a um cidadão para colocar a sua máscara se se sentir desconfortável com a proximidade de uma pessoa mesmo sendo ao ar livre, coisa que antes era mais difícil de fazer porque não havia contexto legal de suporte para esta medida. Por exemplo, numa entrada de um takeaway/restaurante, com 20/30 pessoas a espera na rua mas muito próximas da entrada, com esta medida torna-se "obrigatório" o uso da máscara; e numa situação dessas sem máscara custa-me a crer que a transmissão fosse de 1:8000.
A verdade é que não será a aplicação das mascaras na rua que vai evitar o descalabro que se adivinha, mas ajudará a atenuar, nem que seja ligeiramente.
Concordo que não podemos descurar outras vertentes da saúde, mas são situações a ser geridas com muita sensibilidade. E é o que mais falta neste momento na comunicação em Portugal (e não só), sensibilidade. Desde os agentes da imprensa aos agentes políticos, toda a gente comunica com dogmas, todos sabem tudo e afirmam tudo, não existe a sensibilidade necessária na comunicação para que se atribua a maleabilidade necessária às imposições para que estas sejam feitas com o intuito de promover a livre consciência de cada um a trabalhar em prol da consciência comunitária; pelo contrário, a comunicação torna-se cada vez mais rígida, mais faccionada e assente numa estratégia de "tribalização" de um interesse que nos devia ser comum - e isto torna absolutamente necessário impor a consciência comunitária à livre consciência individual.
As instituições de saúde publica em Portugal estão povoadas por dinossauros que usam e abusam da falácia da autoridade para afagar o seu próprio ego nas TVs; as televisões entram em ciclos intermináveis e viciosos de transmissão de não-informação porque tudo tem de ser novidade, tudo tem de ser dramático, tudo tem de ser apelativo, vivemos na era dos alertas constantes para coisa nenhuma, do caps lock, das marchetes de 10 em 10min, dos diretos, vivemos na era da fastfood, fastfashion e agora fastnews, numa bolha de realidade paralela que vende mais que a realidade em si. A comunicação é um desastre e perdidas nela estão (estavam…) as nossas pontes em comum que nos permitiam trabalhar em conjunto.
A pandemia é um stress-test a todas as nossas instituições. Todas. O que sobrar moldará, a médio prazo, toda a sociedade como a conhecemos.