1- o aumento não está a ser exponencial.
2- a ocupação dos cuidados médicos vai ao limite todos os anos
3- simplificas demasiado o argumento economia/ saúde. Dizes que não há economia sem saúde. Um argumento vazio. Também posso dizer que não há saúde sem economia, e parece que fico cheio de razão, mas não fico, pois é assuntos cheio de nuances, não devemos escolher uma coisa ou outra, temos que escolher as duas.
4- A Suécia não se fechou radicalmente
5- Os únicos “números da saúde” que estão a ser ignorados são os mortos não covid que aumentaram a pique, inequivocamente devido às medidas tomadas para combater a pandemia.
1- o aumento de internados esta a começar a desenhar uma curva exponencial sim, não vale a pena entrar em grandes detalhes nesse aspeto pq eu nao alinho nas "previsões catastróficas" que vi serem bombardeadas em Março/Abril, mas se acompanhares de perto a realidade do Hospital Sao Joao e o CHP (são os que mais me dizem respeito) percebes que o aumento de casos a necessitar de internamentos ja levou a uma requisição de camas tal que levou a fechos de serviço não prioritários (o de Medicina Física e Reabilitação no CHP, por exemplo, já se prepara para deixar de ter internamento);
2- isso só dá mais razão a quem quer evitar ao máximo esticar esse limite. O SNS sobreviver a trabalhar a 150% da sua capacidade é um dado que tem sido estrategicamente ignorado há pelo menos 15 anos, atravessando várias cores partidárias e várias gerações de líderes. Só reforça o quão pouco preparado/folgado está para lidar com uma situação de stress como esta. Se admites incapacidade a jusante de lidar com um problema, então tens de o abordar a montante: abordagem preventiva e nao uma abordagem reativa.
3- simplifiquei porque isto é um portal de adeptos e não uma discussão parlamentar ou uma exposição teórica. Como é obvio, é verdade que não tens economia sem saúde nem tens saúde sem economia. E podemos fazer os trocadilhos que quisermos com isto para soarmos mais ou menos inteligentes, mais ou menos articulados no discurso, mas nao passarão de trocadilhos (cof cof Chagas Freitas, ja nao enganas ninguém). Mas a verdade é que quem simplifica o discurso é quem tenta sempre inquinar a decisão de medidas preventivas de saúde publica com a bandeira da economia esquecendo-se, deliberadamente ou nao, de que se nao for o governo a impor uma "restrição" na circulação de pessoas (e por consequência, do comercio e economia), a doença encarregar-se-á de o fazer por eles. Seja o COVID, seja outra doença qqr, depois do SNS rebentar em grande é todo o sistema organizacional da sociedade que vai colapsar por arrasto. Principalmente num país tao dependente do turismo como nós, tão assente em economia terciária como nós, evitar a propagação da pandemia é importante precisamente para proteger a economia. Toda a região do Algarve estava dependente do controlo da pandemia em Maio para que houvesse turismo em Junho, p/ex. A médio-prazo tens de pesar tudo na balança.
4- E constatou-se que foi um falhanço, nao valeu a pena o sacrifício de vidas pq, la esta, as nossas economias estão interligadas. Se todas fecharem, manter uma aberta de pouco ira servir. Estamos a mercê dos outros mercados, daí ser redutor achar que é o A, B ou C que vai tomar decisões desse calibre sozinho.
5- ignorados politicamente, sim. Esta a ser quase CRIMINOSA a gestão desses dados e números, as denuncias não param de se fazer chegar a entidades governamentais e a resposta é um silencio assustador. A situação do lar de reguengos é uma gota no oceano do que é a escassez dos recursos nos cuidados de saude. Queres um exemplo? Vai À unidade de neurologia do CHP e pergunta pela sala dos casos sociais; encontras la pelo menos 15 doentes acamados SEM INDICAÇAO CLINICA de internamento, mas todos à espera que um familiar se digne a recebe-los em casa ou que abra vaga num lar público. Claro que o serviço de Neuro fica limitado na capacidade de receber mais doentes, ninguém projetou o hospital para servir como casa de acolhimento, mas a verdade é que acaba por acontecer devido à falta de resposta que nos como sociedade conseguimos dar. Mas isso só se resolve com investimento a sério nas infra-estruturas da Saude em Portugal, que há muito tempo que vem sendo protelado (ver ponto 2). Tivemos meses para preparar hospitais para a vaga que todos sabiam que poderia vir e ninguém das nossas chefias fez népia para se preparar. Népia. Vai ser em cima do joelho, À tuga.
Portanto, desengane-se quem acha que o confinamento e as medidas aplicadas de prevenção são opções. Não irão ser; serão uma absoluta necessidade caso a situação nao seja devidamente controlada.