Completamente de acordo em relação às reformas que têm obrigatoriamente que acontecer na polícia. Acho também que se está a entrar num campo extremamente perigoso e a comunicação social está a ter uma importância brutal na forma como estes acontecimentos estão a ter uma escalada galopante e as posições se estão a extremar.Os ciclos que falas que não são quebrados são os ciclos de um racismo existente que discrimina negativamente as comunidades afro americanas (e não só) num tratamento de tratamento distinto consoante a cor da pele.
E eu não defendi o defunding da polícia ou a sua extinção, mas que têm que existir mudanças estruturais que passem, por exemplo, pelo controlo de uma das maiores associações lobbistas dos U.S.A que são os sindicatos da polícia (de forma a que comecem a ser responsabilizados pelos crimes que cometem) não existem dúvidas ou então pela abordagem dos polícias que consistem em permanentemente dispararem de forma fatal independentemente daquilo que é a gravidade dos casos em si.
E parece não ter fim.. Neste caso o crime aparentemente foi estar a dormir no sítio errado..
Quando ao acreditares ou não isso é indiferente, mas julgo que já tenhas idade suficiente e experiência de vida necessária para entender que nem tudo na vida são escolhas na plena ascensão da palavra.
Não acho que seja coincidência que as comunidades negras e as comunidades nativo-americanas sejam as mais afectadas e com menores rendimentos nos EUA, parece-me claramente que os factores históricos explicam isso bastante bem. Foram as comunidades que mais sofreram no país, os negros com a escravatura e o quase extermínio dos nativo-americanas. Parece-me também que pouco se fez nos muitos anos seguintes à abolição da escravatura para de certa forma minimizar os prejuízos causados.
O assunto da relação entre a brutalidade policial e a etnia, parece-me bastante mais complexo. Os dados apontam que a comunidade negra é 2,5x mais afectada pela brutalidade policial que a comunidade branca, mas há outro factor que temos que ter em conta, é que a criminalidade na comunidade negra é exactamente 2,5x superior à criminalidade nos brancos. Portanto, de um ponto de vista desapaixonado, os dados não sugerem que existe maior brutalidade da polícia contra a comunidade negra. Aqui, na minha opinião, acho que entram muitos outros factores que não se estão a ter em conta. Por exemplo, a forma como a comunicação social reporta os casos. Se a vítima for negra é notícia, se não é negra não é notícia, pelo simples facto que vai gerar muito mais atenção e mediatismo o primeiro caso. Recentemente, aconteceram dois casos nos EUA e que não ouvimos falar, dois casos absolutamente tenebrosos de brutalidade polícial, num colocaram-se em cima da vítima de joelhos enquanto faziam piadas e o homem que tinha problemas psiquiátricos e já estava algemado acabou por morrer. No outro, um homem que também tinha problemas psiquiátricos, estava de joelhos a polícia mandou-o colocar as mãos atrás da cabeça e avançar devagar para eles fazerem a detenção, o homem meio que tropeça e eles enchem-no de tiros.
'You're gonna kill me!': Dallas police body cam footage reveals the final minutes of Tony Timpa's life
Tony Timpa wailed and pleaded for help more than 30 times as Dallas police officers pinned his shoulders, knees and neck to the ground. ...
www.dallasnews.com
From 2017: Video Shows Daniel Shaver Pleading for His Life Before Being Shot by Officer (Published 2017)
The video, released after an Arizona jury acquitted the officer of murder, renewed calls for reforms in law enforcement. Activists described the shooting as an execution.
www.nytimes.com
Parece-me que a brutalidade policial merece uma análise sem o "bias" da raça. Eu não tenho a menor dúvida que nos EUA há polícias racistas, até aqui os tempos em Portugal e não são assim tão poucos, mas creio que isto é sobretudo um problema da falta de preparação da polícia a vários níveis. Quantos polícias sem perfil psicológico para tal entram para a polícia? O treino que eles têm é suficiente? Pelo que leio, a polícia nos EUA está extremamente mal preparada. Numa sociedade violenta como a dos EUA estão reunidos todos os ingredientes para termos este tipo de assassinatos com frequência, que é o que acontece. Se se nos colocarmos a partir de um ponto de vista de um polícia, é uma situação extremamente complicada e delicada mesmo quando existe preparação, então quando não existe torna-se caótico e nos EUA existe uma "cultura" muito forte de resistência à detenção que complica a vida a toda a gente. E depois cada caso tem que ser analisado individualmente, a maioria das mortes deve ser justificada, algumas não, como esta mais recente do George Floyd e muitos outros casos que acontecem no país.
Não estou a desculpar nada, o racismo é um problema grave nos EUA e estas mortes como a do George Floyd são actos animalescos que têm de ser severamente punidos e muitas vezes não o são, como dizes e bem, os sindicatos e muitas vezes até os departamentos da polícia funcionam como máfias, com pactos de silêncio, muitas vezes partindo de pressupostos racistas. A reforma é essencial.
Depois isto traz outro tipo de consequências, muitos movimentos subversivos de extrema esquerda, como a ANTIFA que usa o fascismo para combater o fascismo. O próprio movimento BlackLivesMatter é um movimento subversivo que faz uso do cancelamento cultural e da censura. O que se passou em 2016 no Evergreen College é uma história completamente de loucos. Neste momento, há pessoas a serem despedidas, porque os seus trabalhos científicos sérios feriram a sensibilidade destes movimentos. Querem que os fundos para a ciência sejam cortados porque a ciência é racista, querem quotas raciais nas instituições científicas que vão contra todos os princípios da igualdade de oportunidades que deve ser a base de qualquer sociedade minimamente justa. E o pior de tudo é que estes movimentos alimentam e dão força à extrema direita.
O fundamental é que se discutam todos estes assuntos, mas isto de discussões civilizadas e desapaixonadas parece ser um fenómeno cada vez mais raro e agora pertencente a uma espécie de sub-cultura "underground". Tempos loucos.