Em relação a esta situação dos monumentos, não percebo muito bem as dúvidas que existem em relação a isto.
As estátuas são em regra erguidas pelas autoridades locais, se as comunidades locais chegarem à conclusão que essas estátuas não representam os seus valores não vejo problema em que seja demolidas, desde que sigam todos os procedimentos legais nesse sentido, não acho é que devam ser protestantes que por vezes até não pertencem a essas comunidades a decidir o destino do monumento, tem que ser uma decisão democrática local.
Isto obviamente não quer dizer que não possamos discutir a sensatez de manter ou demolir determinado monumento, acho que no caso dos confederados nos EUA essa é uma decisão (demolir) que até faz sentido em determinados casos mas se calhar não tanto noutros, é porque alguns dos monumentos dos confederados não foram erguidos pelos estados do sul mas sim pelos do norte como gesto de conciliação e o que está implicito nos mesmos é a reconciliação nacional e não a celebração da causa sulista, já outros foram erguidos pelos estados do sul como parte de uma politica saudosista e de revisionismo histórico, acho que cada caso deveria ser tratado isoladamente mas no limite deveria ser sempre a autarquia local a tomar a decisão de forma democrática e não ser algo imposto à força por terceiros.
Já no caso de figuras em que a imagem histórica tanto possui aspectos positivos como negativos dependendo da perspectiva, como é o caso dos pais fundadores dos EUA, acho uma falta de bom senso as demolir, obviamente que se as autarquias locais o decidirem de forma democrática estão no seu direito, mas é uma forma completamente enviesada (e perigosa) de interpretar a história e já entra claramente dentro do contexto de uma revolução cultural maoista, algo que certamente não ficará pelos monumentos.
Eu ainda posso tentar perceber algumas situações muito especificas em que a demolição de estátuas pode ser enquadrada fora do processo democrático, talvez quando se dá a queda de um regime autoritário e naquele periodo de transição que o poder cai à rua e existe uma grande carga emocional, como aconteceu com a estátua do Saddam no Iraque, percebo que em situações como essas alguns monumentos serão invariavelmente demolidos.
Quanto ao exemplo que o colega vlk dá aqui das antigas estátuas comunistas dos regimes dessa ideologia que colapsaram, acho que a conversa é semelhante à dos confederados que atrás referi e deve ser uma decisão local tomada democraticamente, a menos que tenha acontecido no tal periodo de transição quando os regimes cairam (tal como no caso da estátua do Saddam), aí é algo que simplesmente aconteceu fruto da turbulência dos dias seguintes ao colapso de um regime autoritário tal como tantas outras coisas fora do controlo que acontecem dentro desse contexto.