Ler uma entrevista de um dirigente do FC Porto nos dias de hoje é sempre de salutar, seja ele qual for. Esta estava na cara que ia acontecer, pois a formação do FC Porto conseguiu algo único este ano, apesar de muitos não terem ficado satisfeitos nem terem dado o devido valor. Mas, repito, é sempre bom ler palavras dos nossos dirigentes mesmo que não haja um sumo muito grande a tirar da mesma.
O José Tavares é um homem da casa, inteligente, bem formado academicamente, com conhecimentos muito bons a nível futebolístico, conhecedor da formação em Portugal e desde 2016 não me parece que estejamos piores do que aquilo que estávamos a quando da sua entrada. Acho que é uma pessoa a ter em consideração e que deve continuar a trabalhar para melhorar a nossa formação. Sobre o facto de querer ser treinador da equipa principal, acho que sinceramente falta-lhe algo para ser treinador principal de uma equipa como o FC Porto. Nomeadamente a nível de liderança e de motivação do grupo, parece-me que tem de melhorar para pensar nisso. Compensa isto com o facto de ser inteligente, organizado e forte no trabalho de campo, daí eu vê-lo mais como adjunto principal de alguém, aí sim acho que é muito forte.
Sobre a entrevista, o básico. Diz que após a sua entrada o clube foi ligado de baixo para cima que estreitou laços entre as equipas e gabinetes e isso claro que é algo que sempre devia ter acontecido. Valoriza as nossas conquistas nos sub 19, os jogadores que vão estar na equipa A na pré época e promete mais no futuro. Que assim seja! Sobre o modelo que deve ser seguido em todos os escalões, isso é mais teoria que pratica em algumas das vezes. Há de facto um sem número de linhas orientadoras mas depois, conforme o núcleo de jogadores e necessidades, vai-se adaptando, o que também é bom para os jogadores, pois em alguns casos sentem-se mais confortáveis. Obviamente que o novo centro de formação, que já devia estar feito ontem, vem trazer muitos e melhores recursos, mais conforto, maior organização e dotar-nos de infraestruturas ao nível daquilo que o nosso clube merece. Com esse centro estaremos mais perto de recrutar mais e melhores jogadores, mantê-los mais tempo e fazê-los crescer de uma outra forma e mais incutidos no espírito do clube, assim como de ganhar mais vezes, se bem que aqui (e concordo com o que ele diz e até dá o exemplo dos sub 15 este ano) nem sempre o ganhar tem de ser visto como sucesso tal como o perder tem de ser visto como insucesso. Por ele Mário Silva ficava nos sub 19, mas este não queria, e a partir daí (por mais que não entendam que não é este quem decide alguma coisa na equipa B...) já não poude fazer nada. Não é ele quem escolhe o treinador da B! Mostra, ainda assim, que neste momento a linha da equipa B não passa por ter veteranos a jogar. Acho bem.
Sobre os valores pornograficos que oferecem aos pais, isso hoje em dia é comum. Não é só dinheiro, é casas e empregos. Falo com conhecimento de causa e até noutro tópico já tinha falado que hoje em dia o grande problema da formação são os pais dos jogadores. Vale tudo, tudo. Não há regulamentação, obviamente, e a parte ética fica para a forma de actuar de cada um e para aquilo que cada um achará disto. Não há muita coisa a fazer aqui. Ou faz-se igual ou não se faz, ponto.
Sobre os treinadores da formação, disse que já estavam escolhidos mas não disse quem eram. Podia tê-lo feito, até para marcar uma posição e mostrar a sua importância neste departamento, que é deveras importante para o nosso clube e que tem de facto que dar passos em frente para não se deixar atrasar.
