Um desabafo

mmmkk

Tribuna Presidencial
23 Fevereiro 2007
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Porto
Terá sido uma decisão dela própria? Terá sido influenciada? Terá encontrado alguém? Terá cedido a pressões e voltado para casa? Terá tido a ver com questões de foro psicológico? Nunca o saberás.
Mas uma coisa deves saber: quem ama, cuida. Se não cuidou, se não deixou sequer uma explicação, não percas mais tempo. É doloroso, dói muito, mas após um prazo de tempo, terás que a esquecer e seguir em frente. É justo para ti ficares anos nesse limbo, a tentares decifrar o que aconteceu, em centenas de cenários hipotéticos na tua cabeça, que te levarão à loucura, porque ela não teve a coragem de o fazer?

E, se porventura, algum dia tropeçares nela, não alimentes o que quer que seja. Não vale a pena. É passado. Derradeiramente não te respeitou. Não se importou que sofresses a seguir. Não é para ti. Quem te ama jamais te faria isso.
Vai-te levar tempo a superares, o choque é brutal, está em carne viva, mas é neste período que terás que procurar conforto nos amigos, na família, e não remoas mais do que o necessário. Se és ainda jovem, tens um mundo de oportunidades à tua frente. Arrisca mais. Tenta algo novo, junta-te a novos círculos onde possas fazer novos contactos, e tudo vai correr bem. Aprende sobretudo a gostares da tua própria companhia. Ganha segurança em ti mesmo, traça objectivos para aquilo que queres e vai em busca. A tua próxima companheira de vida estará atrás dessa porta. Sairás desta mais forte. Um abraço.
 
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Diogo Tomás

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1 Julho 2018
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Muita forca @jpgm97, já falamos muito em tempos pelos tópicos de ciclismo e que estejamos cá muitos anos a partilhar muitos momentos juntos.
Quanto ao sucedido,todos temos falhas,todos fazemos o que achamos ser melhor por nós e pelos que amamos,do que contas parece que fizeste muito pela pessoa que amas,mas neste momento parece-me que o mais importante é focares as tuas forças em ti,se conseguires fazer isso,podes dar tudo de ti para aclarar o que se passou.
Mas é muito importante que consigas no meio desse mundo a desabar,estar em paz contigo mesmo. O resto,vem dia a dia,terás certamente uma família, amigos e a família portista contigo. 💙
Muita força!
 
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Miguel Alexandre

Tribuna Presidencial
10 Março 2016
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  • Campeão Nacional 19/20
  • José Maria Pedroto
Nem sei por onde começar.

Ultimamente já não ando ativo pelo fórum, pois a minha vida mudou drasticamente para melhor e este ano tinha tudo para ser um excelente ano, só que isso não aconteceu. Neste momento sinto-me no fundo do poço, embora saiba que há situações muito piores que as minhas.

Para quem não se lembra de mim, era o tipo que passava a vida enfiado nos tópicos de ciclismo, isto até ao escândalo da W52, que me afastou um bocado dessa modalidade que tanto acompanhava. Por acaso, o final da nossa equipa coincidiu com uma altura em que estava numa má fase da minha vida pessoal, só que entretanto conheci uma mulher maravilhosa com quem comecei a trocar cartas através de uma app em pleno século XXI. Essa mulher de certa forma salvou-me a vida e as nossas cartas foram adquirindo proporções tão grandes que nem um nem outro tinha forma de responder, daí termos começado a falar por outros meios com maior regularidade, até eventualmente nos conhecermos pessoalmente e nunca mais nos conseguirmos largar.

Quase um ano depois, começámos a viver juntos em casa dos meus pais, pois estávamos a juntar condições para arranjar a nossa própria casa. Importa dizer que essa mudança dela ocorreu bem mais cedo do que esperava, porque ela vinha de uma família abusiva e em breve as circunstâncias da vida dela iriam mudar, ao ponto de não mais ser possível estarmos juntos. Por isso, priorizámos o amor um pelo outro. Desde aí cortou todas as relações com a família e tinha noção de que, se voltasse lá, a coisa poderia terminar muito mal. Sim, era grave a esse ponto.

Desde aí tivemos quase 3 anos maravilhosos. Não vou dizer que não existiram conflitos, como acontece com todos os casais. Ambos temos falhas e amávamos um ao outro independentemente disso. Tínhamos uma conexão especial que, em quase 30 anos de vida, nunca me pareceu ser possível com ninguém, tanto que evitei relacionamentos ao máximo, sejam de curto ou de longo prazo. Nunca me fizeram sentido até aquele momento.

Só que tudo, de um momento para o outro, desapareceu. Incluindo ela, no passado dia 26 de novembro. Levou alguns produtos de higiene, alguns pertences pessoais e 2/3 peças de roupa e pouco mais. Deixou duas cartas, uma para os meus pais e outra para mim, apagou tudo o que era rede social e bloqueou-me, tanto a mim como à minha família. Esperava encontrar respostas, mas eram cartas genéricas que em nada clarificavam o que aconteceu.

Podia interpretar como um simples término da relação por parte dela. Só que, infelizmente, é bem pior do que isso. Ela não tinha trabalho há um ano, logo não tinha rendimentos, e a conta bancária dela estava literalmente a zeros. Também não tinha propriamente um círculo de amigos, pois ela abdicou de muita coisa quando veio para cá. Tinha apenas um ou outro colega mais próximo na faculdade, onde ingressou com 23 anos, pois os pais não a deixaram fazê-lo mais cedo. Ou seja, todas as despesas dela eram suportadas por mim e pela minha família, o que torna o desaparecimento dela mais preocupante. Por outro lado, ela deveria ter para onde ir, porque senão não levaria o que levou, mesmo não tendo tocado no nosso fundo de emergência.

Mais tarde descobri que ela deixou de frequentar as aulas, mesmo que não saiba se será ou não uma questão temporária, e que andava a ser seguida pela psicóloga da universidade, algo que ela nunca me contou. Eu sei que ela tinha os traumas dela e as suas inseguranças, só que ultimamente parecia muito melhor. Só que, nos últimos três meses, não conseguia passar tanto tempo com ela como queria. Apesar de dividirmos casa, trabalho de segunda a sábado e chegava sempre tarde e ela saía sempre cedo. Praticamente só tínhamos o sábado ao final da tarde para fazermos algo para nós e o domingo inteiro, mas eu tentava sempre arranjar uma forma de lhe fazer um gostinho e saía com ela sempre que possível.

No próprio dia em que ela desapareceu, fomos à polícia. No entanto, disseram-nos que não podiam fazer nada, uma vez que ela é maior de idade. Ainda assim, tentaram contactá-la, mas constataram que o número de telemóvel já não se encontrava ativo.

Neste momento não sei o que fazer, até porque não tenho assim tanta gente para me apoiar. Sonho todos os dias que ela volta e que se resolve toda a situação. Sinto-me vazio e sem motivação, como se não tivesse alegria para viver. Dizem-me que tenho de seguir em frente, só que não me tem sido possível, porque nem a trabalhar horas extra de segunda a sábado me consigo distrair da situação, até porque nem sei se ela consegue sobreviver, dadas as nenhumas condições que tinha para fazer a vida dela. Sinto que tenho de lidar com isto como se ela tivesse morrido, mas pior...
Situação terrível companheiro.
Mas mais tarde ou mais cedo vais ter que te confrontar de vez que ela quis ir embora.
Independentemente das razões, quis ir embora.

A tua vida agora tem outro rumo, o pior q podes fazer agora é pensar q sem ela nao tem rumo. Isso não é verdade.

É assim a vida para todos. Todos perdemos muito, e encontramos outro tanto. Muitas vezes em ciclo.

Grande abraço.