Vamos por partes.
Ponto um. Sérgio Conceição é uma escolha bem melhor que as recentes viagens na maionese do pintainho presidencial. Quanto à substância do treinador, veremos, mas quanto ao poder comunicacional melhoramos. Não que fosse difícil, pois NES e Paulo Fonseca, nem para fasquia servem. São tão abaixo do exigido que nem para referência a bater servem. Quanto a Lopetegui, não padecia desse mal. Pelo contrário! Simplesmente, era "quadrado" tacticamente, só sabia e queria saber de tiki-taka, como se o barça fosse replicável como cogumelos. Mas nem era esse o seu maior pecado, pois o pior de todos era a sobranceria com que entrou no FC Porto e no futebol português. O homem enganou-se. Pensava que vinha ensinar para uma Andorra anexa à fronteira, debitar a sua vasta e celestial sapiência, acabou aos puñetazos ao banco.
Ponto dois. A avaliação que faço do Sérgio Conceição treinador não me permite estar com "muita bola" quanto ao futuro. Tem bons trabalhos, tem outros fraquitos, mas há um traço quase comum de alguma instabilidade, o que não me agrada. Ainda assim, nos seus bons trabalhos, vejo rasgo e alguma ousadia. O que me descansa, em parte.
Ponto três. Tal como decisões anteriores, esta é mais uma decisão que traz atrás da mesma um acordo com agentes do futebol (incluo nesta categoria empresários e fundos). Bem sei que hoje não há treinador livre destes agentes. Os "pacotes" já estão pré-feitos e não se consegue ir buscar algo sem ter que levar com o resto, ou, quanto muito, algo do resto. Tendo isto assente, gostaria que a escolha tenha sido porque se acredita no potencial do treinador e não por se terem chateado com o anterior "fornecedor", usando para este novo "fornecedor" o mesmo método de escolha que tinham para o anterior: mada lá um dos que tens para aí.
Ponto quatro. Não vale a pena tentar criar o mito do portismo ímpeo do Sérgio Conceição. Primeiro, porque treinador serve para ser competente e não para ser adepto. Depois, porque há episódios na sua vida desportiva e pública que não fazem dele o "portista ortodoxo" que querem fazer crer. Ainda por cima, espalha a prole por aí e espero, com sinceridade, no auge do combate, não o atacarem "à cigano" usando essa prole como alvo ou "escudo humano".
Ponto cinco. Também não vale a pena andar a passar por aí que foi a primeiríssima escolha. São fábulas para boi dormir. É o treinador, é a aposta, isso é que deve ser defensável. Criar ilusões só servirão para duas coisas. Primeiro, para contradições, como a de hoje do BB ao atacar MS no Porto Canal. Segundo, para haver troco no futuro. Terceiro, para não fragilizar este treinador numa possível fase com piores resultados.
Ponto seis. É mais um desejo. Que boa parte da revolta do SC não seja externa, mas interna. Há tanto para mudar na frente interna do que na frente externa.
Ponto sete. Fosse Sir Alex Fergunson. Fosse Mourinho. Fosse Bobby Robson. O sol não tapa a peneira. O estado calamitos da SAD do FC Porto tem responsáveis e não ficam isentados das mesmas por qualquer treinador e pelos eventuais sucessos futuros. Da mesma forma, os eventuais fracassos não tornam essas culpas maiores. São o que são. Não há cosmética para isso.
Boa sorte, SC.