Conceição: dúvidas, certezas e muito Porto.
Depois de 4 anos sem títulos, com uma núvem negra que pairava sobre a administração do clube, eis que Pinto da Costa decide apostar num Homem da casa para assumir o comando técnico da equipa: Sérgio Conceição.
Ainda que não consensual, havia uma espécie de certeza em que a equipa - com o Sérgio como timoneiro- ia recuperar a raça e o "amor à camisola" que sempre definiu os grupos vencedores daquele brasão abençoado.
O mercado não podia ter sido mais desagradecido, sendo Vaná a única (não) contratação da pré - época.
Com uma equipa remendada foi campeão, com um mérito indiscutível, com momentos de bom futebol sobre tudo na primera metade da época, fruto também do desconhecimento dos adversários em relação aos procesos do FCPorto (em especial a transição ofensiva).
Os patinhos feios caíram em graça, e jogadores previamente descredibilizados como Marega, foram parte importante na conquista do título que impediu o tão anunciado penta do benfica. A festa foi grossa, com bandeiradas no polvo, e o Porto voltou a unir-se em torno da equipa.
No entanto, deu a sensação que a equipa, em concreto o futebol da equipa, começava a ser curto quando época era longa. Não acabamos com a corda no pescoço por isso ninguém deu demasiada importância na forma como chegámos à meta.
Em resumo, quando ninguém acreditava na equipa e no clube, muito devido à situação económico - desportiva que dava cada vez mais sinais de fraqueza, eis que o Porto do Sérgio ergue-se perante a adversidade.
No segundo ano desapareceu o factor novidade. O FCPorto já tinha visitados todos os campos da primeira liga, os adversários já conheciam bem os procesos da equipa. Mas a crença dos adeptos aumentou.
Pensamos que devido ao aperto financeiro o treinador não pode escolher a equipa, e já mais desafogados financeiramente com o aceso directo à liga dos campeões, iríamos montar um 11 capaz de elevar o nível e partir para um projecto desportivo mais sólido.
Saíram Marcano, Ricardo Pereira, Layun e André André (o Waris não conta) e chegaram Militão, Jorge, Mbemba, Janko, João Pedro, Bazoer, Marius, Fernando Andrade, e depois Manafá e Loum.
O resultado é o que todos sabemos. Uma vantagem de 7 pontos desperdiçada frente a um rival que practicante deu o campeonato como perdido, claramente fruto de uma crise de resultados devido a um futebol sem chama, sem ideias, mecânico e sem criatividade.
Doeu perder daquela maneira (normalmente feitos desta magnitude são protagonizados pelo regime) e a nação não ficou dividida mas ficou confusa.
Por um lado era indiscutível a recuperação de valores do clube dentro de campo. Por outro, os níveis exibicionais eram cada vez piores, em momentos não adjectivaveis, com o agravante de isso não ser sinónimo de vitórias (as que tudo escondem).
Então chegamos ao terceiro ano. Quando naturalmente e com os procesos mais ou menos oleados no que diz respeito à comunicação equipa técnica - SAD, o rumo seria montar equipas cada vez mais fortes, o FC Porto fica privado da espinha dorsal da equipa (Iker, Felipe, Militão, Herrera e Brahimi).
As contratações tardam e tardam em chegar, alguns chegam a uma semana do jogo mais importante da época, e foi o que se viu.
O FCPorto contrata Marchesín, Uribe, Luiz Díaz, Nakajima e Zé Luís, e faz regressar Marcano. Ninguém junilou de alegria mas ninguém torceu demasiado o nariz.
Habia sobre tudo dúvidas no que diz respeito aos que esses jogadores poderiam cá render.
A realidade é que conhecemos finalmente a tendência técnico - táctica do Sérgio, assente num modelo de jogo físico, de segundas bolas e busca contante da profundidade.
O resultado não foi propiamente surpresa. Exibições de cortar a respiração, um deserto de ideias onde andávamos todos os jogos à procura de um oásis, que na maioria das vezes aparecia de um rasgo individual ou então de uma bola parada (aqui o mérito é tremendo). Na classificação, 7 pontos de desvantagem para o rival, e muita contestação à equipa.
Pára tudo aqui.
Começo com um grande pedido de desculpas à equipa técnica, porque foi nela que desacreditei qualquer suceso desportivo para esta época.
O futebol era cansino, previsível. A equipa amorfa, sem fio de jogo. O treinador desesperado, exesperado. O presidente silencioso.
Mas lá nas profundezas de uma grande Portista chamado Sérgio (disso ninguém tem dúvidas) jazia um sentimento de esperança que era possível. E foi.
Mal o rival cedeu os primeiros pontos, cavalgou na sua desconfiança e não só passou para a frente, como depois voltou muito mais forte da paragem.
Golpe rude e duro para o benfica, daqueles que nós todos gostamos, onde mais dói, ali na costelinha fluctuante.
Se havia dúvidas na atribuição do mérito, dissipar-se em poucas semanas, com nova vida para a direcção (com umas eleições pelo meio) e equipa, mas sobre tudo para o treinador.
Neste momento é ponto assente que o suceso desportivo do clube passa claramente pelo Sérgio Conceição (passado, presente e futuro), pese à balbúrdia financeira que não tem fim, à incompetência e incapacidade da SAD em traçar uma estratégia de recuperação.
Mas não há que esquecer o contexto. Como ganhamos, a forma como ganhamos e contra quem ganhamos.
O benfica dos últimos anos ( e não é nos últimos 3) cometeu e repetiu numerosos erros técnicos. A prova viva é o resgate à desesperada de um treinador que saiu em litígio.
Esse que já ajoelhou no Dragão, tem bazófia sem limites. Já todos sabemos. Mas também tem valências técnicas que não deixam dúvidas, colocando as equipas a jogar bom futebol com bons resultados.
Para fazer face a isto não é só preciso bater no peito jurando Portismo.
É preciso colocar mãos à obra e lembrar que a equipa que causou muita dor de cabeça a este fanfarrão, foi das melhores que já vestiu o manto sagrado. Desengane-se quem pensa que só tal é como está vamos competir.
Não é com Manafás, Marega e Soares que vamos lá (por muito mérito que tiveram efectivente nas últimas conquistas).
O FC Porto precisa novamente de jogadores com craveira como o Alex Sandro, o Danilo, o Moutinho, o Hulk, etc.
Se os tiver vamos lutar de igual para igual e ganhará o melhor.
Caso contrário vamos andar aqui a lamentar-nos que enquanto não derem armas ao treinador não podemos ser competitivos.
Inteligencia, muito Porto, e cheque-mate.
FC PORTO, A VENCER DESDE 1893.