O Sá Carneiro foi PM durante o ano de 1980 inteiro. Aqueles programas de 79 e 80 são um bom exemplo da verdadeira visão dele. Os programas do PPD de 74 a 76 resultam de um compromisso: muitos fundadores eram homens de esquerda (p.e., o já mencionado Balsemão; malta da SEDES; etc.), pelo que não podiam prescindir do seu apoio.
E, embora não seja desse tempo, reconheço o que o Soares disse do relacionamento do FSC com a Snu.
De todo o modo, o teu testemunho é fascinante de ser lido. É uma oportunidade única ter alguém que viveu nesses tempos a contar a sua experiência.
Eu confundi na tua escrita a AD de 79/80 com os mandatos de Cavaco Silva - logo errei aí.
Mas a AD de Sá Carneiro está num contexto totalmente diferente da AD atual, passaram 44 anos e os problemas de hoje não são os daquela altura, não podes olhar só para as propostas de economia que são semelhantes mas num mundo totalmente diferente hoje. Mas não vou alongar-me disso senão estaria aqui horas a escrever mesmo de improviso como estou a fazer.
Para entenderes o contexto de 74 a 79 dou-te um exemplo pessoal; eu era maoísta desde 1968 até 1975 e como disse no meu post anterior a morte de Mao, o falhanço da revolução cultural a seguir e o ascenso de Den Xiao Ping o pai da China atual fez-me descrer e mudar do 8 para o 80. Em 79 votei PSD (a única vez e não penso repetir) porque era Sá Carneiro e tinha um discurso que mobilizava, fazia acreditar as pessoas. A morte dele mudou tudo, aliás ele era um homem de palavra e disse que se demitiria se Soares Carneiro não ganhasse e com ele vivo ou não Eanes iria ganhar. Nunca saberemos o que faria depois porque a morte dele alterou tudo.
As políticas fazem-se com homens ou mulheres, os programas têm importância mas sem políticos predestinados não têm sucesso.
Depois em 81 fui fazer um curso a Bruxelas e acabei por ir para Israel quando o meu fito era a carreira diplomática mas aconteceram fatores que me levaram por um caminho que nunca imaginei, foram cerca de 25 anos lá numa carreira muito arriscada mas que era para aquilo que eu estava predestinado.
Durante essas duas décadas e meia vinha cá 6 a 10 vezes por ano, nas folgas, mas desliguei-me da política portuguesa, a minha vida lá não me permitia sequer pensar nisso. Quando me reformei com cerca de 53 anos e regressei estive anos que acordava de manhã e os sonhos eram sempre de bombas, mortos, catástrofes etc.Mas com o tempo passou e passei a observar o mundo com calma e em particular a Europa, estes últimos 4 anos foram muito perturbantes e estão a acontecer acontecimentos inimagináveis 5 anos atrás. O que virá não sabemos mas os sinais são maus, o problema da Rússia é perturbante e falando mais daquilo que domino que é Israel o 7 de Outubro nunca teria acontecido se a Mossad não tivesse mudado de líderes profissionais para comissários políticos nomeados por esse cancro chamado Bibi, ele não gosta que o chamem por esse diminuitivo mas é o que é. Não resolve nada e está refém da extrema direita israelita.