Só uma ou duas considerações em relação ao assunto do treinador.
Todos os anos batemos na mesma tecla, de que precisamos um treinador que incuta raça e carácter na equipa, que lute, que se identifique com os nossos valores e cultura, tudo isto está certo, mas não é o aspecto mais importante. Se pudermos encontrar um treinador com estas características, óptimo, mas isto é um "plus", o treinador não pode ser só isto, tem que ser fundamentalmente muito bom nos aspectos técnico-tácticos do treino e do jogo e quando me refiro a aspectos tácticos, refiro-me também à capacidade do treinador gerir um grupo de homens. O futebol é jogado por homens, por pessoas, e o aspecto psicológico não pode ser dissociado da táctica, sem uma disponibilidade mental por parte do(s) jogador(es) não há táctica para ninguém.
Sobre a escolha do treinador, peço aos responsáveis do FCPorto que reflictam bem e olhem para o quadro geral. Não olhem apenas para o que o treinador fez recentemente e para o que ganhou, os pontos que fez, os golos que marcou e sofreu ignorando tudo o resto.
Olhe-se para as ideias do treinador, o modelo de jogo, os princípios base, a metodologia de treino e de que forma isso pode ou não ser colocado em prática no FCPorto. Olhe-se para toda a carreira, para perceber que tipo de dificuldades o treinador enfrentou, que condicionantes teve pela frente, todos os treinadores têm períodos maus e é preciso perceber como reagiram e de que forma isso os afectou. Procure-se perceber a forma como gere os grupos de trabalho. A sua personalidade, o seu carácter, se encaixam ou não nos valores e cultura do FCPorto. Qual a sua abordagem ao mercado. Como é que o seu trabalho é desenvolvido com jovens jogadores? Aposta na formação?
Gosta de se envolver e de estar em consonância com os adeptos e com o clube? Qual o nível de comprometimento para com as instituições que passa?
No momento da escolha é preciso olhar para o treinador num plano geral/total.