Logo que soube que era o Nuno o treinador, senti uma tristeza e revolta muito grande.
Não porque tenha algo contra ele, pelo contrário. Mesmo na condição de suplente, estará sempre na história do FC Porto com muitos títulos conquistados, tendo mesmo participado na final da Intercontinental.
Mas porque pelo momento do clube e após tanto insucesso, era necessário um treinador em que os adeptos confiassem pelo currículo e competência. Que não é o caso do Nuno. Eu agora não me lembro, mas naquelas sondagens dos jornais e mesmo aqui no fórum, quantos colocavam como desejo que o Nuno fosse o próximo treinador?
Tomada a decisão, tentei ver algo de positivo. Chegou ao Jamor com o Rio Ave (quantos treinadores sem qualidade para o FC Porto já o fizeram?) e fez um boa época no Valência. Ou seja, tudo para certo neste momento crítico do clube, claro.
Depois de tantos anos, vamos ver como está o discurso. Nem isso me encanta. Vamos recuar a um passado não muito longínquo. Vítor Pereira tinha um défice de comunicação. Mas notava-se que percebia de táctica e continua a ser um prazer ouvi-lo falar de futebol. Paulo Fonseca, apesar das calinadas, também se retirava algum "sumo". Pecou pela teimosa no passar do papel para o campo. Chega Julen Lopetegui. Não tinha currículo, mas tinha discurso, uma filosofia de jogo e conseguiu adaptar-se bem ao clube. Ficou um ano a denunciar arbitragens e só não foi campeão como todos sabemos. Até o Peseiro, que já sabia perfeitamente não ter qualidade para o FC Porto, fez o seu papel como pôde, com jogadores que não escolheu e nunca se calou quando foi prejudicado.
O que temos hoje? Um treinador da "casa" que foi o autor do "Somos Porto", mas que já nem se deve lembrar de como isso surgiu. Porque se se lembrasse não se calava e tomava uma posição forte, mesmo quando ganhávamos. E depois alguém consegue sentir segurança em que vamos ganhar o jogo antes das conferências de imprensa? Eu não me consigo sentir galvanizado, admito se calhar pelo desgaste destes anos também.
O que se retira do seu discurso táctico? Compreendo que não queira falar muito disso, mas ainda não percebi se pretende um Porto a jogar à equipa grande, com posse, mandão e com intensidade alta, ou prefere transições rápidas e chutão para à frente à equipa pequena. Pelo que se vê, deve ser isto.
Depois o seu discurso não vai ao encontro do que se vê no campo, antes e depois dos jogos. Ou analisa mal os jogos (ou se calhar é pouco exigente), ou não se vê um plano de jogo claro. A equipa parece vir a sobreviver do talento individual e parece que estamos em pré-época. Pré-época essa que foi completamente desaproveitada. O João Carlos é um desses exemplos. Dos jogadores mais utilizados e que devia estar mais ambientado ao jogo, seja ele qual fosse, do treinador e nunca mais joga. E que foi um pedido do treinador.
Outro pedido do treinador, um tal de Depoitre, que nem se consegue ambientar à equipa porque simplesmente nem consegue sair do banco. Mesmo com um jogo em que se insiste nas bolas longas e em que ele podia ser útil. Ontem foi um caso gritante em como a equipa, mais uma vez, não conseguia "pegar" no jogo, e gritava-se por bolas na área e ver no que dava. Entram dois extremos e um médio. Nem nisto o treinador é coerente, seja no plano de jogo ou nas contratações que pediu.
Posto isto, a mim parece-me claro que vai ser mais um ano de desespero, de jogadores desaproveitados, de ver outros festejar. Nunca tão cedo na época me senti derrotado, nunca enquanto adepto deste clube me senti tão sozinho quando não sinto da parte do clube revolta, chama e competência.