Música

  • Iniciador de Tópicos Equilibrium
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cccmonteiro

"No futebol, o pior cego é o que só vê a bola."
3 Junho 2014
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Moimenta do Douro
Fez 30 anos ontem e daqui a 30 anos vamos estar a perguntar "onde é que estavas quando o Mellon Collie fez 30 anos?" e uma pessoa vai poder dizer "estava a ver o Porto a perder 2-0 na esterqueira de Nottingham" e tristeza infinita sinto eu quando penso que nessa altura já estarei quase nos 70.

É um álbum decente. Pena o Billy Corgan ser ligeiramente narcisista.
 

Dagerman

Tribuna Presidencial
1 Abril 2015
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Ui a diferença entre arte e divertimento. :D

Não sendo propriamente fã do Michel Jackson (nem sequer é o melhor MJ da história), acho que também está uns furos acima desses nomes que referes. O "Thriller" e o "Off the Wall" são bem fixes, o "Bad" não é mau (foda-se nem acredito que acabei de escrever isto) e o resto acho que não conheço tirando uma ou outra música isolada.
Agora para um gajo que vem dos anos 80 urbano depressivos, gótico e pos punk, MJ é bem horrível, percebo isso, vejo pelos meus siblings.
Acho que não tem a ver com a diferença entre arte e entretenimento. Tem mais a ver com um preconceito que eu tenho (se calhar geracional) contra a popularidade, a facilidade e o comercialismo. Sempre senti que aquilo que entra facilmente no ouvido, também sai facilmente.

O facto é que quase sempre aquilo que é super-popular no seu tempo acaba esquecido ao fim de poucos anos. Isso vê-se muito na literatura ou na arte. No século XIX toda a gente achava que o maior pintor do Renascimento era o Rafael, hoje é consensual que Da Vinci ou Miguel Ângelo são muito melhores. Na música, o Michael Jackson do século XIX era um gajo chamado Offenbach, muito mais popular do que Mozart ou mesmo do JS Bach, que na época andava meio esquecido.

Mas também admito que na arte, e sobretudo na música, há sempre um factor de gosto que é bastante subjectivo. E como dizes, um gajo que cresceu com o pós-punk e pior do que isso, com o preconceito de que a música é pra ouvir, não é pra dançar crl!, dificilmente consegue aturar o MJ.
 

Manageiro de futból

Tribuna Presidencial
25 Julho 2007
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Acho que não tem a ver com a diferença entre arte e entretenimento. Tem mais a ver com um preconceito que eu tenho (se calhar geracional) contra a popularidade, a facilidade e o comercialismo. Sempre senti que aquilo que entra facilmente no ouvido, também sai facilmente.

O facto é que quase sempre aquilo que é super-popular no seu tempo acaba esquecido ao fim de poucos anos. Isso vê-se muito na literatura ou na arte. No século XIX toda a gente achava que o maior pintor do Renascimento era o Rafael, hoje é consensual que Da Vinci ou Miguel Ângelo são muito melhores. Na música, o Michael Jackson do século XIX era um gajo chamado Offenbach, muito mais popular do que Mozart ou mesmo do JS Bach, que na época andava meio esquecido.

Mas também admito que na arte, e sobretudo na música, há sempre um factor de gosto que é bastante subjectivo. E como dizes, um gajo que cresceu com o pós-punk e pior do que isso, com o preconceito de que a música é pra ouvir, não é pra dançar crl!, dificilmente consegue aturar o MJ.
És do norte, né?

Não ias ao Batô quando eras moço? Os meus irmãos iam mts vezes nos anos 90, cheguei a ouvir cassetes de sets do DJ de lá quando era miúdo. Um clássico era a passagem do "Fools Gold" dos Stone Roses para o "Hallelujah" dos Happy Mondays (nada ver com a versão do Cohen, era uma faixa super dope em que o Ryder repetia duzentas vezes Aleluia). Enfim, os meus primeiros contactos com música fixe eram essas cassetes do batô e cassetes gravadas da Rádio Atlântico de Matosinhos, isto por volta de, nem sei, 91? Impossível ter ouvido nessa altura mas eram as merdas que se consumiam em casa (a bela história: os irmãos mais velhos são influenciados pelos pais, os mais novos são influenciados pelos irmãos mais velhos, e eu tenho quase 10 anos de diferença para a minha irmã mais velha mais nova, se é que dá para entender).

Houve mt a transição "da música é para sentir, não para dançar", com a cena de Madchester, que como tudo na altura, chegou um pouco mais tarde a Portugal. Às vezes quando ando numa de digging de vinil lá encontro uma ou outra cena da Factory - A Certain Ratio, Section 25, Shark Vegas, New Order, claro, estou sempre a descobrir coisas novas para mim, a última foi a "age of consent". Devem ter sido tempos do caralho. Tenho imensa inveja da malta que viveu essa altura.
 
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Dagerman

Tribuna Presidencial
1 Abril 2015
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És do norte, né?

Não ias ao Batô quando eras moço? Os meus irmãos iam mts vezes nos anos 90, cheguei a ouvir cassetes de sets do DJ de lá quando era miúdo. Um clássico era a passagem do "Fools Gold" dos Stone Roses para o "Hallelujah" dos Happy Mondays (nada ver com a versão do Cohen, era uma faixa super dope em que o Ryder repetia duzentas vezes Aleluia). Enfim, os meus primeiros contactos com música fixe eram essas cassetes do batô e cassetes gravadas da Rádio Atlântico de Matosinhos, isto por volta de, nem sei, 91? Impossível ter ouvido nessa altura mas eram as merdas que se consumiam em casa (a bela história: os irmãos mais velhos são influenciados pelos pais, os mais novos são influenciados pelos irmãos mais velhos, e eu tenho quase 10 anos de diferença para a minha irmã mais velha mais nova, se é que dá para entender).

Houve mt a transição "da música é para sentir, não para dançar", com a cena de Madchester, que como tudo na altura, chegou um pouco mais tarde a Portugal. Às vezes quando ando numa de digging de vinil lá encontro uma ou outra cena da Factory - A Certain Ratio, Section 25, Shark Vegas, New Order, claro, estou sempre a descobrir coisas novas para mim, a última foi a "age of consent". Devem ter sido tempos do caralho. Tenho imensa inveja da malta que viveu essa altura.
Nunca fui muito de discotecas porque, lá está, se era para ouvir música de dança, mais valia ligar a rádio comercial, e eu preferia de longe ficar em casa a ouvir The Sound, Pogues ou Dead Kennedys.
Nunca gramei os New Order e os tipos de Madchester porque para mim eles estavam a trair o espírito cinzento-depressivo do Ian Curtis, e queriam pôr-me a tomar ácidos e a dançar! Fuoda-se! Na altura eu tinha mesmo um preconceito contra música de dança, que de certo modo ainda se mantém.
Daí que a maior parte da música dos anos 90 me tenha passado em grande parte ao lado. Stone Roses, Happy Mondays, Blur, Oasis, Radiohead... isso para mim era tudo música comercialóide! Com o tempo tornei-me menos fundamentalista, claro, e hoje até sou capaz de reconhecer que pelo menos Blur e Radiohead são muito bons.

Quanto a serem tempos do caralho, em parte sim porque se é novo e está a acontecer muita coisa na música ao mesmo tempo, mas por outro lado quase não havia concertos (pelo menos no Porto), os discos importados custavam um balúrdio, e o que nos valia era que havia sempre algum amigo mais endinheirado que mandava vir merdas de Inglaterra e gravava em cassete para toda a gente.
 

Edgar Siska

Grande Capitão JC2#
9 Julho 2016
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Ao pé da praia
  • Alfredo Quintana
  • Maio/21
  • Junho/22
  • Agosto/22
Agora para um gajo que vem dos anos 80 urbano depressivos, gótico e pos punk, MJ é bem horrível, percebo isso, vejo pelos meus siblings.
Eu que sou um bocado mais novo que o @Dagerman que seria como se ele fosse um irmão mais velho (ou um tio mais novo, já lhe falei da minha tia mais nova andar nas cenas dele nos 80's e a cair de motas ao pé da alfândega), não vivi essa era direta, era um miudo a construir cenas de Lego, mas fui descobrindo, embora possa dizer que ouço música desde os 6 anos praticamente, mesmo quando não percebia patavina do que diziam.
E considero-me uma pessoa com um feitio cultural "bastante europeu", assim achegado a esse urbano cinzento, mas que na verdade é bastante colorido, nos detalhes. Mas ao contrário dele eu consigo gostar de muitas coisas mais pop, e globais, dependendo mesmo apenas se me agrada e me soa bem ou não.
consigo ver qualidade sem pensar "isto teve muito sucesso logo vou ser do contra e não curtir só por causa disso". O meupenamento é mais "isto é bom, gosto" independentemente dessa percepção de comercial ou não.
Depois tenho esses tesouros mais alternativos todos e outros que vou juntando, mas onde também não papo tudo só porque "é diferente".

O que não consigo mesmo papar é a cultura neo-latinizada importada da pimba da america do sul, hiper obcecada com sexo e vulgaridade e ritmo ritmo ritmo no melody. Bate como um comboio contra a montanha do meu europeismo retinto. É que não me consegue mover.
Lembro-me de ir com amigos e especialmente amigas a bares onde estavam a passar cenas dessas e eu só me apetecer vir para casa. Quando o DJ mudava para música dos 80's/90´s todo eu mudava.

Por outro lado o "americanismo clássico" aquele dos blues, do jazz, do southern rock, absorvo-o que nem ginjas. Complemente a paisagem como belas nuvens a circundar a montanha.
 
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Dagerman

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Eu que sou um bocado mais novo que o @Dagerman que seria como se ele fosse um irmão mais velho (ou um tio mais novo, já lhe falei da minha tia mais nova andar nas cenas dele nos 80's e a cair de motas ao pé da alfândega), não vivi essa era direta, era um miudo a construir cenas de Lego, mas fui descobrindo, embora possa dizer que ouço música desde os 6 anos praticamente, mesmo quando não percebia patavina do que diziam.
E considero-me uma pessoa com um feitio cultural "bastante europeu", assim achegado a esse urbano cinzento, mas que na verdade é bastante colorido, nos detalhes. Mas ao contrário dele eu consigo gostar de muitas coisas mais pop, e globais, dependendo mesmo apenas se me agrada e me soa bem ou não.
consigo ver qualidade sem pensar "isto teve muito sucesso logo vou ser do contra e não curtir só por causa disso". O meupenamento é mais "isto é bom, gosto" independentemente dessa percepção de comercial ou não.
Depois tenho esses tesouros mais alternativos todos e outros que vou juntando, mas onde também não papo tudo só porque "é diferente".

O que não consigo mesmo papar é a cultura neo-latinizada importada da pimba da america do sul, hiper obcecada com sexo e vulgaridade e ritmo ritmo ritmo no melody. Bate como um comboio contra a montanha do meu europeismo retinto. É que não me consegue mover.
Lembro-me de ir com amigos e especialmente amigas a bares onde estavam a passar cenas dessas e eu só me apetecer vir para casa. Quando o DJ mudava para música dos 80's/90´s todo eu mudava.

Por outro lado o "americanismo clássico" aquele dos blues, do jazz, do southern rock, absorvo-o que nem ginjas. Complemente a paisagem como belas nuvens a circundar a montanha.
Eu já não sou tão preconceituoso como fui em relação a coisas mais pop e mais comerciais. De vez em quando até sou capaz de ouvir Madness ou Tears for Fears!
Mas tens razão numa coisa, o meu preconceito mais forte sempre foi contra merdas de muito sucesso. Para mim é quase uma regra: se está na berra e as minhas primas da aldeia curtem muito, nem vou perder tempo a ouvir ou a ler. Esse preconceito meio elitista acho que nunca o vou perder....
 

Edgar Siska

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Eu já não sou tão preconceituoso como fui em relação a coisas mais pop e mais comerciais. De vez em quando até sou capaz de ouvir Madness ou Tears for Fears!
Mas tens razão numa coisa, o meu preconceito mais forte sempre foi contra merdas de muito sucesso. Para mim é quase uma regra: se está na berra e as minhas primas da aldeia curtem muito, nem vou perder tempo a ouvir ou a ler. Esse preconceito meio elitista acho que nunca o vou perder....
Tou-te a ver mais as tuas primas da aldeia.