Quem desdenha o futsal no FC Porto não conhece minimamente a cidade do Porto. Está simplesmente alheado da realidade social e desportiva da cidade, que respira o 5x5.
Há miúdos, desde sempre, que dariam o mundo para poder jogar com as nossas cores. Nos bairros sociais da cidade, de onde provenho, há talento que é uma coisa inimaginável para quem não conhece este panorama.
Quando era miúdo, os putos queriam todos jogar no Miramar. Era um mini-FC Porto. Apareciam de todos dos bairros, vaidosos, com os fatos-de-treino do clube. Sonhavam ser como o João Leite. Mais tarde, apareceu o Freixeiro e a história repetiu-se.
Portistas? Eram quase todos. Ricardinho, Cardinal, Joel Queirós, Arnaldo Pereira... etc. Não sei o clube do André Lima, mas até esse é natural de Campanhã e das escolas do Miramar.
O FC Porto, quanto mais não seja, deve o futsal à cidade do Porto; deve-o a esses miúdos todos. Garanto-vos: dentro do pavilhão, os Ricardinhos e Cardinais que andam por aqui perdidos, até os comiam (aos adversários). O FC Porto com futsal? Seria mais infernal que uma arena de batalha. Significava mais um jogo entre eles num campo de cimento, com dois paralelos a fazer de postes, como um Arsenal nos oitavos de uma Champions para o Galeno.
O FC Porto sem futsal é uma ferida aberta e dolorosa no coração da cidade do Porto.