De uma forma extremamente simplista e, se calhar tecnicamente errada, mas que dá para perceber , um imposto diferido é gerado por uma diferença entre o imposto a pagar de acordo com a contabilidade e o imposto a pagar, de acordo com as leis fiscais.
Um exemplo prático sobre uma empresa X:
- Rendimentos (p.e. vendas) - 10
- Custos - 6
- Taxa de IRC - 25%
Esta empresa tem um resultado contabilístico antes de impostos de 10-6=4. Vai pagar IRC de 25% * 4 =1 e vai ter um lucro de 4-1=3.
No entanto, se houver um custo que não é aceite para cálculo de imposto, de 2, a empresa não vai pagar 1 de IRC. Vai ter um resultado antes de impostos contabilistico igual ao anterior mas terá um resultado antes de impostos para efeitos fiscais de 10-6+2=6. 25%*6=1,5 e lucro de 4-1,5=2,5
É isto que vai acontecer ao Porto com a reavaliação. Daqui para a frente, o IRC do Porto será sempre superior ao que se obteria pela contabilidade, pq as amortizações do estádio não serão consideradas custo para efeitos de cálculo do IRC. Daí o registo do passivo por imposto diferido, registo obrigatório.
O Fernando Gomes, que não sabe o que são impostos diferidos, quer registar activos por impostos diferidos, muito provavelmente, devido aos prejuízos acumulados. Explicando com o exemplo anterior. Se uma empresa paga 25% sobre o que ganha "Vai pagar IRC de 25% * 4 =1 e vai ter um lucro de 4-1=3." quando tem resultado negativo também devia receber. Se tem resultado antes de -4 deveria receber 1 e o resultado final seria -4+1=-3. No entanto, o Estado não paga imposto às empresas que têm prejuízos, permite que deduzam esse imposto "a receber" quando estas tiverem imposto a pagar. Ora, neste caso, o registo dos impostos diferidos não é automático, porque depende da perspetiva de ter lucros no futuro. Se a empresa X tiver prejuízos para sempre, nunca vai ter imposto pagar ao qual deduzir o imposto que tem a receber. Muito provavelmente, a EY não aceitou o registo dos impostos diferidos decorrentes dos prejuízos fiscais porque tem profissionais competentes que não acreditam que o FCP, com a actual gestão e a actual estrutura de gastos e rendimentos, alguma vez tenha lucros suficientes para gerar impostos a pagar aos quais seja possível deduzir os valores gerados pelos prejuízos.
No fundo, a EY está a dizer que o Fernando Gomes é um incompetente, mas ele nem isso conseguiu perceber.