Não sou dos que fiquei muito entusiasmado com a escolha do Brandão, embora, até ao momento, não estou tão avesso como a maioria que por aqui se exprime.
Por dois motivos. Primeiro, porque o seu percurso na formação nem foi longo, nem brilhante quanto baste para entrar directo nesta fase final da formação e transição integrada no futebol sénior profissional. Da mesma forma que era contra a entrega imediata a ex-jogadores sem qualquer prova dada enquanto treinadores, de escalões de formação de especialização, também sou de opinião que os treinadores que aparecem do mundo académico precisam de se provarem primeiro e só assim subir a escada.
Segundo, o treinador da B tem que reunir algumas condições especiais que são, aliás, espelho do que é a exigiência colocada a este tipo de equipa. Deve ser um treinador com alma formativa, mas ciente do contexto competitivo em que está. A segunda liga é um liga profissional competitiva, onde há (muitos) clubes que lutam por subir. Onde a experiência dos jogadores é um factor determinante em muitos jogos. E onde o plano físico é CRUCIAL. Não são só experientes, com toda a ratice do mundo, mas como batem com força e batem por 90mins+descontos. É este o perfil do jogador médio da segunda liga. Não muitos artistas, mas há muita gente a lutar por um lugar ao sol. Um treinador da B já deve ter tido um contacto com este tipo de futebol. Fosse segunda liga, liga 3 até CNS. Deve ser uma amalgama entre estes dois mundos.
O FC Porto na formação tem a vantagem em 90% dos jogos. Tem os melhores jogadores do seu lado. Um treinador deve focar-se no aprimorar individual dos atletas. O FC Porto B está em desvantagem em 90% dos jogos. Pode ter do seu lado os melhores jogadores em termos de potencial. Mas potencial não é rendimento. É uma expectativa que pode ser cumprida , ou não. Os outros jogadores são melhores, hoje. Sabem mais de bola. Disputam todos os lances na raça. Metem o pé. Aguentam a luta 90+descontos.
Ainda assim, apesar de ter algumas críticas ao Brandão, como a opção dos 3 centrais, retirando gente do meio campo ou algumas escolhas para o 11 inicial de jogadores que são becos sem saída ou visivelmente insatisfeitos pela sua continuação na equipa B, a principal falha que aponto ao Brandão é ter cedido à vontade popular e ter tirado da equipa o Castro. Que creio poder ser a trave de experiência e calma que esta equipa precisa nesta fase.
Com jogos ganhos, retirar o Castro. Deixar a equipa crescer. Nesta fase, é titular. Espero chegar ao fim da época e ter o Castro sentado no banco. Não o contrário.
De resto, acho que os jogadores devem fazer autoanálise e nós, adeptos, devemos exigir isso.
Não é possível continuar jogo sim, jogo não, a desperdiçar pontos por erros individuais, a maioria deles a roçar o cómico. Devemos exigir mais.
Por exemplo, o Gabi se quer ser opção para a A não pode dar casas como deu agora contra o Leixões ou como na meia final da youth League. Não pode. Isto já não é formação! O FC Porto não marca 4 golos a seguir e o jogo fica 4-1. Isto é uma liga profissional e quem marca primeiro tem uma vantagem clara para levar pontos do jogo. E quem diz o Gabi, diz todos os outros, avançados incluídos, que falham golos de arrepiar.
Não há treinador que resista a isto!
Outro aspecto sobre os jogadores é o rendimento de muitos deles. Vou dar dois exemplos, de jogadores que aprecio. Jorge Meireles e Gonçalo Sousa. Em bom português, não estão a jogar merda nenhuma. Lá está, se a ambição é chegar ao Porto A, não podem ser tão ausentes nos jogos do Porto B. Têm que ser determinantes. Jogar muito mais. Mas MUITO mais mesmo.
O mesmo digo do André Oliveira, que fez um jogo banalíssimo em Leixões. O Gil, o Teixeira, o Andrade e o Anha (que não tendo concorrência não pode ser tão molenga) e mais alguns, não podem viver do potencial. Não é fazer jogo atrás de jogo a roçar o medíocre. Um jogo mau, todos têm. Excepções.
Estes meninos têm que mostrar mais. Jogar mais. Deixarem de coisas supérfulas e focarem mais no seu jogo e no rendimento da equipa.
Porque são eles que estão a meter o Porto B no fundo da tabela. Não são as contratações desta SAD (Felipe, Domingos, Castro, Alarcón), não é o treinador (apesar do que escrevi anteriormente), são mesmo eles. Os que vêm da formação e que estão a jogar um zerinho. A segunda liga não perdoa tanta gente num 11 inicial que passa ao lado do jogo. Isto já não é a Oliveirense sub17 ou o Rio Ave sub19.
Por fim, a minha última crítica é ao departamento de performance e rendimento. Esperava ver estes jogadores noutro patamar físico por esta altura.
Isto de ir para ringue, enfrentar pesos médios e pesados, com pesos pluma....é convidar à derrota. Na primeira Liga, já quase nem pesos médios há. Por isso, é urgente subir o nível a esta tropa.
