Insistiu para que ficasse na mesa deles, até porque o presidente tinha vindo com ele para me dar <<um autógrafo», recordação na qual eu estaria muito interessada. Neguei quanto pude tal interesse, mas um dos empregados da casa, vendo-me tão embaraçada, foi buscar um ticket da caixa registadora e uma esferográfica que o senhor Jorge Nuno utilizou prontamente, dando- me o tão controverso autógrafo. Ao contrário do que era meu hábito, sentei-me não em frente, mas ao seu lado, incapaz de proferir palavra, notando que também ele tinha as mãos e as pernas a tremer. O senhor Reinaldo Teles interveio para quebrar o gelo, dizendo: «Esta é que é a Carolina», indício óbvio de que eu á tinha sido assunto de conversa entre os dois. A ausência de diálogo entre mim e o presidente mantinha-se e, apesar de estarmos lado a lado, apenas nos olhávamos. Até que se rompeu o silêncio. Como todos os demais clientes, o senhor Pinto da Costa resolveu perguntar-me o que estava eu ali a fazer. Mas nem respondi, porque não me deu tempo. Ao contrário dos outros, fez-me sentir à vontade e respondeu ele por mim, dizendo-me que aquele era um trabalho tão digno como outro qualquer e que eu era uma grande mulher, o que gostei de ouvir.