Obrigado Eterno Presidente.
Pinto da Costa não foi apenas o Presidente, o Conquistador, o Lutador de todos os Portistas, foi também o Grande Guerreiro e Símbolo Maior do Norte de Portugal. Das suas gentes, dos seus costumes, das suas formas de serem e viverem.
Pinto da Costa trouxe para as suas gentes o Orgulho, a Dignidade e, principalmente, a Felicidade, a Voz e a Rebelião.
Ele teve a capacidade para nos fazer despertar e lembrar as nossas forças, a nossa valentia, o Nobreza das Nossas Almas. Num país espezinhado economicamente, culturalmente e socialmente por uma capital imperialista, Pinto da Costa foi o agregador, o despertador, o valente, inconformado e lutador contra os roubos que a capital submete todo um país.
Numa sociedade onde muitos se vendem pela fama, pelo dinheiro e pela corte, onde alguns abandonam as suas raízes Nortenhas, Pinto da Costa bateu o pé, foi temerário e venceu.
Quantos de nós fomos felizes, anos a fio, porque o FC Porto subia mais alto, e consigo levava toda uma Alma Tripeira e Nortenha a derrotar os vendilhões da capital. Pinto da Costa deu-nos isso.
Mas deu também nascimento a um profissionalismo nunca antes visto no futebol, fez crescer gentes de eleição pela sua mão.
Muito mais haveria a dizer mas o tempo, certamente, fará ainda mais justiça à sua pessoa.
Adeus Presidente.
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo;
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa