Este post do Tribunal ilustra onde me situo na crítica ao treinador neste momento.
O jogo de ontem não é um jogo aceitável no Dragão, para mim. Não precisamos de massacrar e golear, mas precisamos de ser controladores no Dragão. E ontem fomos nós os controlados. Lá está, se o Borja atirasse ao lado hoje a crítica seria unânime dados os nossos números no jogo.
Algo mudou na produção da equipa e ofensivamente, é preciso dizê-lo, temos estado muito fracos. Defensivamente imperiais como os números mostram. Mas porque é que a equipa deixou de ser capaz de mostrar o futebol entusiasmante do início da época é o mistério a ser desvendado. Quero acreditar que o treinador está em cima do assunto mas admito que o meu deslumbramento inicial se desvanece rapidamente.
Vamos por partes porque o teu comentário assim o merece.
Quanto à posse, digo já, sem qualquer reserva, que não me agrada estar 70% do jogo a ver a bola nos pés dos outros principalmente estando o jogo empatado. Seja no Dragão ou no Ettihad.
No entanto, há que entender que posse foi essa. Foi uma posse que levou a ocasiões de golo? Foi no último terço do terreno? Foi permitida ou imposta?
O Mourinho, quando era o Special One, dizia que controlar o jogo não implica dominar o jogo. Não estou a dizer que tenha sido o caso mas alguma vez sentimos que o golo do Braga era uma questão de tempo? Não me parece. Tirando aquela bola no Navarro, o Braga não criou nenhuma chance verdadeira de golo por isso chego à conclusão que a posse foi inócua.
Mas, inócua ou não, volto a afirmar que não me agradou.
Relativamente à nossa produção ofensiva:
A proposta de jogo do Farioli passa pelo jogo interior onde o Varela assume um papel fundamental. O efeito surpresa no início de época levou a que criassemos oportunidades de golo e uma capacidade de chegar à área contrária muito rapidamente.
Se eu e tu, que somos uns leigos na matéria, vimos isso, estavas à espera que os treinadores adversários não vissem? Estavas à espera que em 2025 continuassemos a espetar 4 de cada vez a época toda? Parece-me um pensamento um pouco ingénuo.
Sim, ficamos mais condicionados na saída de bola e o Varela está longe de ser um fora de série que consiga reverter essa situação apenas pela sua qualidade individual. Mas estamos assim tão mal e tão amarrados? Se sim, como explicas que tenhamos conseguido ter 36 acções na área do Moreirense (máximo da época)? Como explicas que no pior momento da época chegamos à área adversária mais vezes que quando éramos um rolo compressor?
Em Novembro, fizemos 6 jogos. 4V, 1E, 1D
Para o campeonato, empatamos frente ao Benfica, ganhamos na casa do Moreirense, actual 6º classificado e uma das equipas sensações destes início de época e vencemos o 4º grande que estava desde Outubro sem perder (só tinha perdido pontos em Alvalade) e com 11 golos marcados nas últimas 3 partidas.
Estamos assim tão mal? Eu não acho.
O que eu acho é que temos um treinador com 4 meses de trabalho que formou, praticamente do nada, uma equipa a quem se lhe exige tudo e um par de botas. Temos um onze com 6 caras novas. Se somarmos Samu e Moura, que chegaram no pior ano desportivo da história recente do clube, faz 8 jogadores que se cruzaram pela primeira vez numa equipa com um novo treinador que está a implementar as suas ideias.
E ainda assim, vamos em primeiro numa Liga vergonhosa a todos os níveis, continuamos consistentes no factor que define o campeão - a defesa -, continuamos a chegar mais vezes à área adversária que os nossos adversários (excepto este jogo com o Braga), estamos na fase seguinte da Taça de Portugal, estamos dentro do que nos é exigido para Liga Europa.
Por isso, pergunto: o que é que está mal?
