Julgo que, ao longo dos anos que passou no Porto, Fernando especializou-se na função de trinco. Especializou-se de tal modo que consegue ser bastante bom em capítulos como o desarme, a cobertura, o "tackle", tão apreciado pelos ingleses, a pressão, o posicionamento, a leitura do jogo defensivo - ou seja, a compreensão dos processos ofensivos do adversário e sua neutralização - ... sendo mediano nas acções ofensivas. Há poucos como Fernando, é o tipo de jogador que não se encontra com muita frequência nas equipas de topo, uma vez que actualmente se dá primazia ao médio defensivo tecnicamente evoluído, com alguma propensão ofensiva e capacidade de construir jogo. Não ao trinco. Talvez por isso se explique a aparente inexistência de propostas que se aproximem dos valores exigidos pelos responsáveis portistas.
Paulo Fonseca alterou as dinâmicas do meio campo e atribuiu novas funções a Fernando, às quais o brasileiro não se contra habituado. Mais que isso, infelizmente, talvez se tratem de funções para as quais Fernando não seja apto. Vemos Fernando a progredir em drible e a tentar assistir os colegas, no entanto são situações em que o jogador revela alguma dificuldade. Hoje não esteve bem. Fernando não é um cepo medíocre, mas é excessivamente irregular. Não lê o jogo ofensivo com a mesma competência com que lê os momentos defensivos nem tem a técnica necessária para orientar o seu futebol no tal plano ofensivo - de forma consistente. Ou seja, por vezes quer fazer mas não consegue, noutras simplesmente não vê qual a melhor opção. Isto alia-se aos seus esporádicos défices de atenção, algo que nunca superou totalmente.
Com a alteração que se fez, possivelmente não estamos a tirar partido daquilo que de melhor Fernando tem para oferecer. Quem sabe se esteja a preparar a sua saída... não por substituição directa, mas sim por alteração táctica e por alteração do tipo de jogador pretendido para ocupar aquela posição. Assim aparenta ser.