Percebo o que dizes sobre essas duas tragédias ofensivas, mas o SC valoriza o equilíbrio defensivo que eles dão à equipa e que o Fábio, sempre que jogou, não deu. O adjunto até lhe disse que a arte de defender é tão bela como a de atacar. Se não percebe...
E no entanto, com todo esse equilíbrio defensivo que eles proporcionam à equipa, acabamos o campeonato com 29 golos sofridos. Alguma coisa não bate certo.
Não será uma das funções do treinador (especialmente num clube como o nosso, que tem de se desenrascar com o que tem) arranjar forma de encaixar da melhor maneira os jogadores que tem ao seu dispor? Se eu tenho um gajo que não gosta lá muito de correr mas consegue meter a bola onde quer, eu tenho é de conseguir esconder as suas limitações e realçar as suas virtudes. Como é óbvio o jogador também tem de fazer a sua parte e sacrificar-se em prol da equipa, fazer coisas que não gosta ou para as quais não tem tanta capacidade. Mas o segredo é esse: ambas as partes têm de fazer cedências e entender que é essencial haver equilíbrio.
E aqui entra o problema do SC. É que ele, à semelhança da esmagadora maioria dos treinadores por esse mundo fora, tem uma "ideia de jogo" que quer impor, tenha ou não jogadores para isso. Por outras palavras: é fundamentalista. E portanto há gente que com ele nunca vai ter hipóteses porque não encaixa nessa ideia.
Mas isto acaba por entroncar noutra discussão que extravasa os limites deste tópico: o futebol está de pernas para o ar. Quer-se que os GR sejam bons com os pés e os defesas capazes de passes de 50 metros, que os médios andem a correr como uns desalmados quando não têm a bola e aos extremos e avançados pede-se acima de tudo comprometimento defensivo. Ou seja, os jogadores têm que ser todos ultra completos. Parece que deixou de haver espaço para o centralão que era intransponível na defesa mas para quem a bola era quadrada e para o ponta de lança que quando era altura de defender ficava parado mas depois quando era preciso finalizar, não perdoava.
Eu confesso, não gosto deste neo-futebol que cada vez se parece mais com um jogo de estratégia e menos com desporto. Mas se calhar sou eu que estou mal, admito.
