Despedidas do mundo dos vivos

jmj

Bancada lateral
27 Abril 2016
946
431
Este é o típico caso em que quando as pessoas morrem se tornam boas e com uma vida repleta de sucessos.

Francisco Pinto Balsemão teve uma máquina de propaganda ao seu dispor que a usou não só para seu benefício próprio para destruir e infernizar a vida de muita gente.

Que descanse em paz, no mesmo de sítio de Salazar e outros que tal. Se o inferno existisse, era lá que devia passar a eternidade.
Ainda ninguém falou aqui da fraude que cometeu, tão bem caracterizada na biografia não autorizada escrita por Joaquim Vieira, para obter a licença de emissão televisiva, recorrendo a um testa de ferro e amigo de infância emigrante em Luanda (que acabou arruinado, graças a este esquema) e com a conivência do governo da altura liderado pelo Dr. Cavaco, do qual fez parte um eminente comentador da SIC e agora é candidato à Presidência da República? No fim, foi o irmão de um dos seus funcionários que lhe puxou o tapete. Ironia.
 
14 Janeiro 2025
2,681
4,090
Não concordo com as vossas opiniões. Ou melhor, concordo com o que dizem sobre a máquina de propaganda SIC / Expresso, mas discordo em relação à responsabilidade do Balsemão nisso.

Se há coisa em que todos os jornalistas que passaram por lá concordam, é que o Balsemão era um caso raro no que toca à liberdade que dava. Raramente se imiscuía nos assuntos do Expresso ou da SIC, deixava-os reportar aquilo que quisessem. Quando tens diretores antagónicos ideologicamente, como o falecido Arquiteto Saraiva e o Nicolau Santos (direita e esquerda), a concordar nessa avaliação, então está tudo dito.

Aliás, o próprio Balsemão enquanto líder do governo sofreu muito, curiosamente, com as notícias e os artigos do Expresso, num tempo em que o seu diretor era ninguém menos que o senhor Marcelo Rebelo de Sousa, uma autêntica víbora. O Expresso foi mesmo a principal oposição ao governo da AD entre 81 e 83.

Portanto, se de facto o Expresso e a SIC foram uma máquina de propaganda e infernizaram a vida de muita gente na política, a verdade é que o foram por exclusiva influência dos jornalistas que trabalhavam nas casas referidas nessas alturas. A única suposta influência do Balsemão que me surge foi nos Panama Papers, que o Expresso jurou denunciar e até hoje ninguém soube mais nada…

Agora, isso é na política. Coisa bem diferente é no futebol, como o @Edgar Siska bem disse. Aí, o Balsemão intrometeu-se sem dúvida e prejudicou-nos diversas vezes.

De resto, pareceu-me uma figura positiva. Opositor do regime, lutou pela lei de liberdade de imprensa, de facto fez uma imprensa livre (com as limitações inerentes) e no seu governo foi aprovada uma importante revisão constitucional - a revisão de 1982 - que firmou de vez uma verdadeira democracia em Portugal. Revisão essa que seria feita pelo Sá Carneiro, mas dou-lhe o mérito de ter lutado contra muita gente para a aprovar após a morte daquele.
Lá está, mas foi anti-portista activo, como tu próprio reconheces, e só isso já basta para que um portista a sério goste pouco dele.
 

Dagerman

Tribuna Presidencial
1 Abril 2015
6,532
7,828
Não concordo com as vossas opiniões. Ou melhor, concordo com o que dizem sobre a máquina de propaganda SIC / Expresso, mas discordo em relação à responsabilidade do Balsemão nisso.

Se há coisa em que todos os jornalistas que passaram por lá concordam, é que o Balsemão era um caso raro no que toca à liberdade que dava. Raramente se imiscuía nos assuntos do Expresso ou da SIC, deixava-os reportar aquilo que quisessem. Quando tens diretores antagónicos ideologicamente, como o falecido Arquiteto Saraiva e o Nicolau Santos (direita e esquerda), a concordar nessa avaliação, então está tudo dito.

Aliás, o próprio Balsemão enquanto líder do governo sofreu muito, curiosamente, com as notícias e os artigos do Expresso, num tempo em que o seu diretor era ninguém menos que o senhor Marcelo Rebelo de Sousa, uma autêntica víbora. O Expresso foi mesmo a principal oposição ao governo da AD entre 81 e 83.

Portanto, se de facto o Expresso e a SIC foram uma máquina de propaganda e infernizaram a vida de muita gente na política, a verdade é que o foram por exclusiva influência dos jornalistas que trabalhavam nas casas referidas nessas alturas. A única suposta influência do Balsemão que me surge foi nos Panama Papers, que o Expresso jurou denunciar e até hoje ninguém soube mais nada…

Agora, isso é na política. Coisa bem diferente é no futebol, como o @Edgar Siska bem disse. Aí, o Balsemão intrometeu-se sem dúvida e prejudicou-nos diversas vezes.

De resto, pareceu-me uma figura positiva. Opositor do regime, lutou pela lei de liberdade de imprensa, de facto fez uma imprensa livre (com as limitações inerentes) e no seu governo foi aprovada uma importante revisão constitucional - a revisão de 1982 - que firmou de vez uma verdadeira democracia em Portugal. Revisão essa que seria feita pelo Sá Carneiro, mas dou-lhe o mérito de ter lutado contra muita gente para a aprovar após a morte daquele.
O dono de um jornal ou duma televisão não precisa de inteferir directamente nos seus conteúdos, só precisa de saber escolher um director alinhado com as suas ideias.
Mas quando falo na máquina de propaganda, estou mais a referir-me à SIC do que ao Expresso, porque uma televisão tem dez vezes mais influência do que um semanário. E o Expresso foi um bom jornal, li-o semanalmente entre meados dos 80 e o princípio deste século. Mas nunca achei que fosse especialmente pluralista, a sua opinião dominante sempre foi a do centrão, que engloba PS e PSD. Nesse sentido, foi o semanário do regime.
O Público no seu período aúreo, quando tinha como director o Vicente Jorge Silva, era bem mais pluralista do que o Expresso.
Da SIC é que nunca gostei nada, mas com isso não estou a dizer os outros canais fosse muito melhores. E falo no passado porque já deixei de ver regularmente televisão há quase vinte anos.
 
  • Like
Reações: Panda Azul e Branco

Hendrix

Lugar Anual
31 Março 2025
1,870
4,244
Não vou fazer julgamentos de carácter, diria antes como tantos com poder e mediatismo teve coisas positivas e muitas nefastas.

Pêsames à família, goste-se ou não foi um ícone.
Todos nós temos os nossos rabos de palha. A diferença será sempre a escala. No mundo dos negócios é mato e só mesmo o Sr. Nabeiro é que devia safar.
Olha o maior de nós todos! O melhor dirigente que algum vez pisou esta terra e no entanto também era malabarista.
Por isso, se vamos entrar por esse caminho não há ninguém de jeito neste mundo. Que até é algo com que eu concordo!!!

Acima de tudo, há que ver o que estes homens trazem de útil à sociedade e o Balsemão foi seguramente alguém que trouxe nomeadamente na comunicação.

Era bom que Portugal tivesse mais Balsemões e mais Nabeiros e mais Champalimauds. Gente empreendedora que gosta de dinheiro mas também gera dinheiro.
 

bad_person

Tribuna
30 Junho 2020
2,696
5,348
Conquistas
4
Portugal
Todos nós temos os nossos rabos de palha. A diferença será sempre a escala. No mundo dos negócios é mato e só mesmo o Sr. Nabeiro é que devia safar.
Olha o maior de nós todos! O melhor dirigente que algum vez pisou esta terra e no entanto também era malabarista.
Por isso, se vamos entrar por esse caminho não há ninguém de jeito neste mundo. Que até é algo com que eu concordo!!!

Acima de tudo, há que ver o que estes homens trazem de útil à sociedade e o Balsemão foi seguramente alguém que trouxe nomeadamente na comunicação.

Era bom que Portugal tivesse mais Balsemões e mais Nabeiros e mais Champalimauds. Gente empreendedora que gosta de dinheiro mas também gera dinheiro.
Gente com alguma noção de responsabilidade social, queres tu dizer.
Conheço muita gente gera dinheiro, muito dinheiro até, mas está literalmente a borrifar-se para terceiros ou para quem trabalha com eles. Aliás, parte do negocio deles assenta em mão de obra barata. É ir pela confecções e fabricas de sapatos e encontramos esse filão, por exemplo.

Portugal nunca desenvolveu uma verdadeira cultura empresarial de responsabilidade social. A industrialização portuguesa foi tardia e muito marcada por pequenas e médias empresas familiares, muitas das quais cresceram mais pela necessidade do que por visão estratégica.

Durante décadas, a prioridade foi sobreviver e garantir lucro imediato, não construir modelos sustentáveis.
Além disso, o país viveu até muito tarde num contexto autoritário e paternalista, em que a figura do “patrão” era central e hierárquica, e não se questionava a forma como o poder económico se exercia. A ideia de que a empresa tem também um papel social e comunitário, de redistribuição, de equidade, de investimento no bem comum, ficou completamente para trás.

Em muitos setores tradicionais (têxtil, calçado, mobiliário, madeira, agricultura, etc.), a margem de lucro é reduzida e a competitividade é mantida sobretudo à custa de custos laborais baixos.
Isto cria um ciclo vicioso, em que as empresas dependem de mão-de-obra barata para competir, depois não investem em formação ou tecnologia (ainda há a "inteligência tuga" já vi comprarem máquinas velhas com fundos europeus, fazendo as passar por novas), o pessoal que lá trabalha ou desmotivam-se ou emigram. A produtividade é uma desgraça. Mas o empresário continua a achar que “não há dinheiro para mais”.

Em Portugal, ainda se confunde “responsabilidade social” com dar um cabaz no Natal, fazer umas viagens até Fatima e até se gravam vídeos para redes a oferecer dinheiro aos trabalhadores em dificuldades.
O maior problema é que o reconhecimento social em Portugal continua a vir do “status e riqueza”, não do valor ético ou contributo coletivo.
A malta que eu conheço e que explora mas “anda de carro de luxo” é admirado, conheço outros que pagam bem, mas crescem devagar, e são vistos como “pouco ambiciosos”.