Não concordo com as vossas opiniões. Ou melhor, concordo com o que dizem sobre a máquina de propaganda SIC / Expresso, mas discordo em relação à responsabilidade do Balsemão nisso.
Se há coisa em que todos os jornalistas que passaram por lá concordam, é que o Balsemão era um caso raro no que toca à liberdade que dava. Raramente se imiscuía nos assuntos do Expresso ou da SIC, deixava-os reportar aquilo que quisessem. Quando tens diretores antagónicos ideologicamente, como o falecido Arquiteto Saraiva e o Nicolau Santos (direita e esquerda), a concordar nessa avaliação, então está tudo dito.
Aliás, o próprio Balsemão enquanto líder do governo sofreu muito, curiosamente, com as notícias e os artigos do Expresso, num tempo em que o seu diretor era ninguém menos que o senhor Marcelo Rebelo de Sousa, uma autêntica víbora. O Expresso foi mesmo a principal oposição ao governo da AD entre 81 e 83.
Portanto, se de facto o Expresso e a SIC foram uma máquina de propaganda e infernizaram a vida de muita gente na política, a verdade é que o foram por exclusiva influência dos jornalistas que trabalhavam nas casas referidas nessas alturas. A única suposta influência do Balsemão que me surge foi nos Panama Papers, que o Expresso jurou denunciar e até hoje ninguém soube mais nada…
Agora, isso é na política. Coisa bem diferente é no futebol, como o
@Edgar Siska bem disse. Aí, o Balsemão intrometeu-se sem dúvida e prejudicou-nos diversas vezes.
De resto, pareceu-me uma figura positiva. Opositor do regime, lutou pela lei de liberdade de imprensa, de facto fez uma imprensa livre (com as limitações inerentes) e no seu governo foi aprovada uma importante revisão constitucional - a revisão de 1982 - que firmou de vez uma verdadeira democracia em Portugal. Revisão essa que seria feita pelo Sá Carneiro, mas dou-lhe o mérito de ter lutado contra muita gente para a aprovar após a morte daquele.