"Existe uma forte pressão financeira internacional sobre a Venezuela, que não podemos deixar de considerar, porque se o risco-país é de 3 mil pontos, isso quer dizer que por cada dólar que pede emprestado, ele paga 30% mais de juros, em comparação aos EUA. O que representa, na prática, um encarecimento da dívida externa.
Por que um risco-país tão elevado se a Venezuela continua pagando sua dívida?
Perguntaria algo mais: porque os compradores de títulos da dívida venezuelana não renegociavam os títulos durante todos esses anos? Porque finalmente os compradores dos títulos da dívida estavam contentes com a Venezuela como pagadora da dívida. Isso segundo dados da Bloomberg (agência de notícias dos EUA, especialista em economia). Por isso a razão dessa pressão internacional não pode se sustentar tecnicamente. A Venezuela hoje tem dificuldade, inclusive, para pagar medicamentos, pois o sistema financeiro impede que os intermediários financeiros (bancos) recebam e repassem o pagamento. Agora já não é uma questão de que o governo venezuelano não pode pedir dinheiro emprestado, é que mesmo com recursos próprios a Venezuela está sendo impedida de fazer pagamento no exterior.
De que maneira o bloqueio internacional imposto pelos EUA isso afeta a vida do venezuelano comum?
Imagine uma família que tem um dinheiro no banco para pagar as despesas fixas da casa. E mesmo tendo o dinheiro, o banco não aceita fazer a transação para realizar o pagamento. É isso que acontece com a Venezuela. É por isso o que governo teve que redesenhar uma nova engenharia comercial, porque os modelos pagadores anteriores já não eram aceitos. Você não pode imaginar quão complicado pode ser tecer uma nova engenharia financeira, para buscar novos intermediários em países amigos. Isso requer um tempo, não se faz do dia para noite.
Como funciona a questão do bloqueio dos bancos internacionais? No Brasil os bancos já não fazem transações relacionadas a empresários ou ao governo venezuelano, por medo de multa e sanções dos EUA.
Isso é o que fazem os EUA quando querem asfixiar uma economia. Durante anos eles aplicam essa mesma política em Cuba. Em relação a Venezuela, as sanções começam com o decreto presidencial de Donald Trump, que gera um efeito dominó. O decreto impossibilita e impede inclusive as empresas estadunidenses, que atuam na Venezuela, de fazer transações bancárias. Isso gera um efeito expansivo, porque aquelas pessoas ou empresas que pensavam fazer negócios com a Venezuela estão com medo e temem sanções diretas ou indiretas. Isso não deve ser menosprezado"