Fdx que comédia de inicio ao fimDeixo a notícia completa:
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Assim que o Ministério Público acusou o empresário César Boaventura de corrupção a jogadores do Marítimo e do Rio Ave para facilitarem em jogos contra o Benfica, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, deu um entrevista ao canal do clube em que garantiu que iria requerer a abertura de instrução para “corrigir” o que entendia ser uma falha: “Com todo o respeito que o Ministério Público nos merece, nós não concordamos com a acusação. Ou melhor, concordamos com tudo o que está lá, mas falta uma peça central. O MP está acusar o mensageiro, mas não o mentor e beneficiário deste crime organizado. Nós achamos que neste processo, o mensageiro está acusado e o principal beneficiário, neste caso Luís Filipe Vieira e a Benfica SAD, não está. É um erro que pode ser corrigido. Nós vamos pedir a abertura de instrução deste caso”.
Mas não foi isso que aconteceu.
Nove meses depois desta entrevista, vai começar já em janeiro de 2024 o julgamento de César Boaventura. E o empresário é o único que se vai sentar no banco dos réus. Ao contrário do que foi anunciado pelo número um do clube, o Sporting deixou passar o prazo legal para fazer o requerimento de abertura de instrução e ficou-se por um pedido de intervenção hierárquica.
Ou seja, em vez de pedir a um juiz de instrução que avaliasse os indícios recolhidos pelos investigadores para decidir se eram suficientes para acusar o Benfica ou o então presidente Luís Filipe Vieira, o Sporting ficou-se por um pedido ao superior hierárquico do procurador responsável pela acusação para que a corrigisse. Não houve qualquer alteração.
O Expresso contactou o escritório do advogado do Sporting, José Lobo Moutinho, que não respondeu. Fonte autorizada do clube também não quis esclarecer o que levou à mudança de posição.
O Sporting (tal como FC Porto) são assistentes neste segundo processo em que é visado César Boaventura (o primeiro, por burla, já começou). A SAD do Benfica chegou a ser arguida, mas na altura da acusação o procurador responsável terá entendido que, apesar de ser o Benfica o beneficiário das tentativas de corrupção de Boaventura, este não tinha qualquer ligação à SAD ou ao clube e não foram encontradas provas de que o Benfica ou os seus dirigentes tivessem conhecimento das ações do empresário.
O MP “considera que César Boaventura, num hóbi pessoal, gastou 480 mil euros para a sua equipa ganhar”, criticou Varandas na mesma entrevista,
O Expresso sabe que os advogados do Sporting consideraram que seria mais eficaz pedir a intervenção hierárquica do MP para, por exemplo, interrogar os administradores da SAD do Benfica sobre os factos suspeitos. Mas o MP não concordou. Como a SAD do Porto também não requereu a abertura de instrução, o Benfica não será envolvido neste julgamento.
Segundo a acusação do MP, César Boaventura tentou corromper os jogadores Marcelo, Cássio, Lionn (à época, no Rio Ave) e Salin (então, no Marítimo) em jogos contra o Benfica na época 2015-16. Foram “recolhidos indícios” de que César Boaventura “abordou os [referidos] jogadores de futebol com categoria profissional […] prometendo-lhes, em contrapartida, vantagens patrimoniais ilegítimas, aliciou ou tentou aliciá-los a praticar atos contrários aos interesses das próprias equipas […] às quais estavam vinculadas”. De acordo com o despacho de acusação, estas abordagens tinham o propósito de “alterar ou falsear o resultado de competições desportivas em que participavam” para “beneficiar o Sport Lisboa e Benfica” na dita temporada.
O MP quer que César Boaventura seja condenado a pagar €480 mil ao Estado, que “corresponde ao valor da vantagem/recompensa prometida” aos futebolistas e também que deixe de exercer a profissão de agente desportivo durante três anos."
E o Porto porque não requereu a abertura de instrução?