Do Estádio das Antas:
Fui pela primeira vez aos 4 anos pela mão do meu tio Lino, portista ferrenho que acompanhou toda uma época de jogos do nosso clube para o campeonato, ia de marmita ver os treinos e levou uma malha enquanto por ter protestado aquele que seria o 8 a 1 frente ao Penafiel. Ele bem tentou mostrar o seu cartão de sócio, mas não lhe deram chance. Ainda hoje exibo com vaidade o símbolo enorme do clube que o meu tio deixou no Renalt Clio branco de 93 que me ofereceu, depois de ter comprado um outro da mesma marca novinho em folha, prémio do garbo com que operariou cerca de 30 anos na Lacose. Do jogo, lembro-me apenas de ter sido contra o Boavista, ganhámos num golo de livre.
Lembro-me de voltar ao estádio para assistir a um Porto 2- Espinho 2, jogo em que Pinto da Costa anunciou no Domingo Desportivo ser de borla para a criançada assistir à consagração do campeão desse ano. Foi mesmo verdade. Lá foi o meu pai comigo e não paguei para ver. Verdade seja dita que foi um terror para mim. Foi uma batalha campal horrível, policia de choque contra adeptos. Vi um cão maior do que eu mesmo a meu lado. Tremi de medo. Já agora um parentisis: o meu pai é benfiquista inveterado mas nele aplica-se aquela falsa máxima: é bom chefe de familia. Primeiro porque me deixou ser portista, segundo porque me levou aos aliados para festejar a taça dos campeões em 87 e terceiro porque me levou a ver este jogo. Devo confessar que depois desta experiência o meu pai não deixou o meu tio Lino fazer-me sócio do clube. Voltei ao estádio das Antas muito tempo depois, para ver o Porto, era o Vinha nosso avançado, empatar a zero com o Farense. Fui com um colega de escola meu e entrei às cavalitas de um cota que nunca tinha visto na vida.
Tenho outras histórias. Lembro-me de ter estado largo tempo à conversa na Arquibancada com o central Tanta e o Gilmar, que foram com o Guimarães a um torneio de pré-época que vencemos; da cara furiosa do Robson, andava o Baía de Opel Corsa Sport 1.4 vermelho e o Secretário de taxi, por mal-entender o português que lhe falava como gozo; da apoteose que foi a chegada surpresa do Capucho, numa daquelas épocas em que a apresentação aos sócios era feita no parque de estacionamento ao lado do departamento de futebol; do primeiro treino do Mourinho (impressionante a forma como todos perceberam de imediato, fosse pelos exercícios de treino ou pelo tom de voz aplicado, a especialidade do momento); dos treinos à porta fechada que assistia de camarote na sucata de Contumil; de um Porto 2 - Madrid 1, Porto 2 - Benfica 0 e por aí adiante.
Do Dragão:
Fui lá pela primeira vez em visita de estudo admirar a sofisticação da tecnologia utilizada na sua construção e na qual um professor meu era parte importante. Realmente uma coisa brutal, pensada ao milímetro da rotação dos paineis para publicidade na VCI e umas 6 vezes mais baratos que aqueles que impediram 500 lugares no Alvalade 21. Lembro-me também de ter ficado muito fodid* por não ter conseguido bilhete com respectivo azulejo para a inauguração. Ainda inventei umas 50 frases mas os cães d\'Ojogo não me premiaram. De resto, muito difícil lá ir. É lindo, sempre que preciso de usar o metro estaciono o carro mesmo à sua frente. Aconselho a sua visita a estrangeiros como à Torre dos Clérigos, Serra do Pilar, Ribeira ou Caves do Vinho do Porto.
Velho, só se for da Rua dos Bragas ou da Areosa.