A gestão de ativos melhorou estratosfericamente.
E ainda tem espaço para melhorar mais. Com a melhoria da parte desportiva.
A capacidade/ possibilidade de fazer (ou vir a fazer) dinheiro com a venda de jogadores melhorou.
Quando trocas Pepe por Nehuen Perez ou Marcano por Prpic estás no caminho certo a esse nivel.
Quando vendes Galeno e Nico em cima da buzina e não contratas ninguém para entrar de caras no 11 e investes em William e Tomás Perez também estás a melhorar esse tipo de receita.
A capacidade/possibilidade de aceder a prémios de performance desportiva com esse tipo de gestão de activos piorou.
Quando trocas Pepe por Nehuen Perez ou Marcano por Prpic estás a colocar mais em risco a performance desportiva imediata . E aqui nem falo no diferencial de qualidade entre o velho e o novo, mas também nos intangiveis de ter liderança e exemplos no balneário e em campo que marquem o ritmo e as balizas para os Otávios desta vida.
Há uma entrevista recente do Danilo e do Alex Sandro em que eles explicam na perfeição o impacto de partilhar balneário com Moutinho, Jackson, Lucho e Hulk tiveram para a forma como eles mudaram o chip de profissionalismo que tinham pré e pós Porto.
Quando vendes Galeno e Nico em cima da buzina e não contratas ninguém para entrar de caras no 11 e investes em William e Tomás Perez também estás a piorar potencialmente esse tipo de receitas.
Como estamos em 2025 e não em 2016 ou 2017 o peso da 2ª componente na soma dos 2 tipos de receita é bastante maior.
Não se perde apenas o prémio de entrada na Champions de 25/26.
Perde-se esse dinheiro, perde-se ranking que tem influência estrutural nos prémios de performance futuros (o diferencial de ranking entre Porto/Benfica vs Sporting até há bem pouco tempo fazia que com que a entrada do Sporting na Champions valesse cerca de menos 10 milhões/ ano do que Porto/Benfica).
A não entrada na Champions, a má participação na Europa League (só se pensa na receita directa do ano em que se participa sem nunca se discutir o impacto que uma boa performance pode ter nas receitas futuras da Champions via ranking - vidé Benfica que acedeu a esses quase + 10 milhões por ano vs Sporting porque tinha excelentes desempenhos na Liga Europa em vez de Lasklinzadas).
Perde-se o dinheiro do Mundial de Clubes que deriva, exclusivamente, dos pontos da Champions.
Há todo um dominó de perda de receitas presentes e futuras que deriva do mau desempenho desportivo.
Naqueles anos em que o Porto estava na vanguarda do custo zero ainda antes de ele virar moda (Herrera, Brahimi) fui muito critico com essa forma excessivamente imediatista de gerir activos e que fazia depender duma bola no poste contra o Krasnodar o ter contas minimamente saudáveis ou em estado critico.
A partir de certa altura, o impacto das receitas com performance desportiva (em valores absolutos e na perda relativa face aos rivais) cresce tanto que o que era o modelo a seguir (iniciado por nós e a dada altura copiado pelo benfica) passa a ser questionável.
Pinto da Costa na sua génese sempre geriu com o instinto dos homens do futebol, tercearizando os homens da finança que racionalmente tentavam gerir sem estar a roer unhas contra o Krasnodar.
Em sua defesa, era um homem doutro tempo e que como foi tendo sucesso em todos os tempos não tinha incentivos a mudar de opinião e seguir mais os Fernandos Gomes, Angelinos e menos os Mourinhos, os Conceições ou Lopeteguis.
Gelsenkirchen é mais um ALL IN irracional que como resulta é paradigmático do bom PdC. Se não resultasse, o Deco amuasse em Janeiro de 2024, o Maniche tivesse um processo disciplinar em Dezembro de 2023 ou o Mourinho se pirasse para o Chelsea a 10 dias de começar a época de 23/24 era um acto alucinado.
O pós Dublin ia ser outro ALL IN irracional. O Compromisso era similar ao de 2003/2004, só que depois houve mudanças e só o Falcao sai já no final de Agosto, ficando um bando de amuados (Rolandos, Guarins, Alvaros Pereiras.....) que acabam por sair a preço menor do que poderiam ter saído num cenário de gestão racional e obriga aquele plano de contingência de Janeiro (Lucho e Janko + semi limpeza de amuados) para salvar a época e Vitor Pereira.
O lado de Pinto da Costa foi sempre o dos homens de futebol. Ganhar primeiro e depois vê-se. Quando a escala fica gigante essa politica é potencialmente suicida se a aposta dos homens do futebol falha.
Aos dias de hoje é dificil ter um modelo objetivo e copiável de gestão de ativos. Há menos tempo para se poder esperar pela colheita do que se investe porque esse tempo que se pode perder pode custar muito mais do que a colheita que virá.
E julgo que AVB também tem alguma noção disso porque trouxe 2 emprestados sem opção de compra para o topo da folha salarial (Djaló e Fábio Vieira) que em tese representam o tipo de gestão de activos que é o paradigma dum clube turco, mas nunca de um português.
E para tudo piorar os lugares na Champions deixaram de ser 3.
E para agravar ainda mais esse cenário, Sporting e Benfica são os 2 competitivos ao mesmo tempo num nivel similar ou superior ao nosso actual.
Por tudo isto, estou em desacordo com o "estratosfericamente melhor". Neste mercado vamos ter que ter operações do estilo de gestão de ativos dos homens do futebol que faziam ouvidos moucos aos homens da finança.
Uribes, regresso de Otávio, empréstimos sem opção de compra com alto salario, injeção de experiência e profissionalismo sem grande potencial de rentabilização para lá do desportivo.
Se somarmos exclusivamente talentos (ainda que caros e bons estilo Veiga) sem olhar para os tais intangiveis, podemos ter um estratosfericamente melhor mercado no papel, mas vai faltar cola para que o rendimento desportivo da equipa volte ao padrão Porto.