A "falta de competitividade" inegável de que o nosso campeonato tem sofrido não adveio do formato.
Simplesmente, houve um aumento do fosso entre os clubes mais pequenos e os três grandes, e entre os três grandes e os grandes europeus. Ou seja, tudo se resume a investimento.
Uma liga a 10 aumentaria o fosso entre grandes e pequenos e não resolveria o fosso entre os três grandes e os grandes europeus.
É preciso uma campanha de sensibilização cultural e um maior investimento por parte do Estado. A mudança começa de baixo, dos escalões de formação e das equipas mais pequenas. Foi assim que se formou o Porto campeão europeu em 87. É assim que têm surgido equipas com projetos interessantes como o Famalicão.
Agora, infelizmente o investimento que tem existido tem sido assimétrico, dependendo da boa vontade da Câmara Municipal do sítio em questão. Defendo a intervenção central do Estado para um grande investimento em todas as áreas do desporto, que não é tão custoso como se pensa.
E a questão do fosso entre os três grandes e os grandes europeus? Boas prestações europeias tanto do FCP, SLB e SCP, como dos clubes mais pequenos (daí o interesse numa Taça da Liga exclusiva para eles). Além disso, o investimento a que já aludi, que incrementaria o talento existente em Portugal, beneficiando inevitavelmente os três grandes. A redução do número de equipas para 16, a redução do número de jogos da Taça de Portugal e a reestruturação da Taça da Liga ajudariam na parte do calendário, o que poderia melhor a prestação europeia.