O Porto é um clube de associados. A sua força vem daí, e sua cultura e exigência de vitórias. Parafraseando um pouco mas para quem ainda tivesse dúvidas.
Clube de associados, pois é. Muito meu, portanto: mais de meio século de associado, tendo a honra de ter desempenhado “pro-bono” funções
directivas, pagando integral e atempadamente as quotas apesar de viver no estrangeiro ou a cumprir serviço militar na Guiné, o Futebol Clube do Porto é a minha vida - e a dos meus filhos, tão portistas como eu, entendendo o clube como eu. Orgulho-me de nunca ter viajado a convite clube,
tendo sempre recusado - algumas vezes de forma veemente - convites para o efeito do então presidente…isto, evidentemente, antes de ter cortado com ele, por carta, muitos anos antes da justa onda de demonização que hoje o atinge, fruto da gestão “socialista” do último decénio.
Tive de parturejar este intróito antes que cabecinhas pensadoras que por estas paragens pululam se apressem a etiquetar esta modestas linhas
como corolário de uma qualquer agenda sectorial. Sou do Futebol Clube do Porto e mais nada!
Posto isto, vamos ao que interessa.
Na minha modesta opinião, a entrevista de ontem foi um verdadeiro desastre comunicacional e político.
Já aqui tinha criticado veementemente a escolha do canal NOW para o primeiro acto deste tipo, em detrimento do Porto Canal, bem ou mal ainda
o canal oficial do clube. Mas, Santo Deus, uma peça que deveria ser de grande impacto, difundida à hora do almoço? Um acontecimento como este exigia horário nobre, um jornal das 20.00 horas: André Villas-Boas acabou de ser eleito, da forma como foi, para presidente de uma das mais importantes instituições do país. E é “arrumado” no segmento das donas de casa? O presidente devia estar mais atento…ou rodear-se de gente mais atenta e mais sabedora.
Quanto ao conteúdo, outro desastre. As entrevistas dão-se quando há algo de novo ou importante para dizer. E AVB, que me pareceu muito
cansado - não admira! - não se preparou, deixou- se levar por uma entrevistadora ignorante num “set” preparado à pressa, mal iluminado e com mau som.
Não tinha uma mensagem preparada para passar - nada de reestruturaçáo da dívida, fair -play financeiro, futuro do contrato com a Ythaka, por exemplo. Só lhe sairam generalidades, relentos da recente campanha eleitoral.
E, no que respeita à canalha da segunda circular um camião de boas intenções, uma espécie de Guterres, a falar do “progresso do futebol português “…
Estão aí à porta as eleições para a Federação. Ao que consta já há um tandem SCP-SLB a preparar o assunto do ponto de vista da capital: se,
do lado dos lagartos, o Figo é um patetinha à procura de um penacho presidencial - não passa de um Vítor Baía que soube gerir as suas
finanças - do lado do benfas está um gajo que não brinca em serviço. Chama-se Nuno Lobo, já tem o trottoir de ter sido presidente da AFL e
é um taliban anti-portista.
Dizem os ingleses que não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira impressão. A entrevista de ontem não deixou a parelha Rui Costa-Varandas com insónias.