Há legitimidade para se achar que André Silva não deve ser o ponta de lança titular do FCPorto, admito perfeitamente isso, mas não é a partir da capacidade ou falta dela dos avançados do FCPorto que se explica o que está a acontecer, longe disso.
Vamos aos factos:
- O André Silva leva 14 golos marcados esta temporada. 10 pelo FCPorto, 4 pela Selecção Nacional.
- Poucos jogadores na EUropa têm mais golos que o André Silva entre campeonato e Champions, e estamos a falar num jogador que joga numa equipa que poucas oportunidades cria e que pouco caudal ofensivo tem.
- O FCPorto é uma equipa essencialmente defensiva.
- O futebol do FCPorto de Nuno assenta sobre uma organização defensiva rígida, com bloco baixo, linhas muito juntas, equipa muito curta.
- O FCPorto é uma equipa de ataque rápido, em transição ou em bolas longas, 99% das vezes os lances acabam em nada.
- O FCPorto é uma equipa sem qualquer tipo de organização ofensiva. O processo é de um nulidade atroz, os jogadores estão constantemente demasiado atrás, estão constantemente em correrias, na frente não há mobilidade, não há ideias, não há processo colectivo.
Em linhas muito gerais, este é o FCPorto desta temporada, com todos estes problemas colectivos profundos. Ter André Silva, ter Depoitre, ou ter Lewandowski, na prática não faria diferença nenhuma. Não seria um ponta de lança de topo mundial que iria mudar radicalmente o futebol do FCPorto.
O problema central não é o André Silva, nem qualquer outro jogador. O problema central é o treinador.
Já agora, só dizer que o André Silva sozinho é quase metade da produção ofensiva do FCPorto esta temporada entre golos e assistências. Tinha obrigação de ter mais golos e mais assistências e de ser sozinho 80% da produção ofensiva da equipa? Ou tinha o FCPorto obrigação de ter a produção ofensiva muito mais distribuída por todos os homens do ataque fruto de um processo ofensivo de qualidade e bem trabalhado?