Por acaso este fim de semana estive à conversa com o presidente de um aeroclube local, que em tempos foi inspector da PJ precisamente relacionado à área da investigação das causas dos incêndios.E a frase é verdadeira. Tão verdadeira que se aplica agora, só que o autor não deve mais concordar com ela.
Existe em Portugal uma coisa muito estranha: a oposição normalmente faz boas críticas e tem boas medidas, mas quando chegam ao poder defendem e fazem o contrário.
Ou seja, o PSD na altura do Costa fazia bons apontamentos e agora o PS faz bons apontamentos ao Montenegro.
A minha singela opinião? Na altura, o relatório da comissão independente apontava responsabilidades à linha de comando no terreno, à Proteção Civil, à polícia, aos autarcas e ao governo. No entanto, não houve quaisquer responsabilidades, políticas, civis ou criminais.
Deve ser formada uma comissão independente este ano. A mesma deve elaborar um relatório que aponte as responsabilidades. Desta vez, espero que esse relatório tenha consequências práticas - duvido muito.
Duvido porque, ao contrário do que vi aqui, os incêndios deste ano não devem ter um grande agravamento doravante. Na segunda quinzena de agosto, normalmente os focos acalmam-se e a área ardida vai estabilizando. Houve anos excepcionais, mas grosso modo sempre foi isto que aconteceu.
Significa isto que este governo, a ter responsabilidades na gestão defeituosa dos incêndios, não terá qualquer consequência prática.
Com eleições só daqui a 4 anos, os próprios eleitores não terão em consideração os incêndios, tal como não tiveram no passado. É triste, muito triste, e evidencia o porquê de estarmos tão atrasados.
O gajo referiu como curiosamente o cenário dos fogos em Portugal começou a mudar quando surgiram os negócios de milhões ligados ao combate aos incêndios, nomeadamente o combate aéreo que passou a ser feito por empresas privadas em troco de contratos de várias dezenas de milhões de euros.
Depois estamos um bocado nas mãos das condições metereológicas. Deves-te lembrar como no ano passado o verão foi mais húmido que nos anos anteriores e de como não houve incêndios. Até que em meados de Setembro o governo (ou o IPMA, vá) emite um aviso de condições extremas e, por coincidência, em dois dias há dois incêndios gigantes em Gondomar e em Albergaria que consumiram mais área do que durante os três meses inteiros de verão. havendo muito poucas dúvidas que ambos os incêndios foram produzidos por mãos criminosas.
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