Actualidade Internacional

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Tribuna Presidencial
7 Abril 2012
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  • Alfredo Quintana
A equivalência dos estados-membros, inscrita nos tratados, é, em muitos aspectos, meramente formal e simbólica. Na prática, a Grécia engoliu o programa de assistência económica mais intrusivo da história da União sob ameaça de uma saída forçada do euro; as propostas de mutualização da dívida defendidas pela França de Hollande e pelos países do sul, aquando da crise, foram preteridas em favor da austeridade alemã; a Itália envia e reenvia o seu orçamento do estado à comissão europeia a fim de obter parecer favorável… não houve vetos possíveis, mas sim poder político e económico puro e duro – aliás, as decisões comunitárias correntes, de âmbito legislativo supranacional, são tomadas sobretudo por maiorias simples e/ou qualificadas no Conselho e no Parlamento, sem possibilidade de veto por parte dos estados-membros. O mesmo se aplicou e aplica a muitas matérias da União Económica e Monetária suscitadas pela crise, cujos processos de tomada de decisão foram transferidos para fora das estruturas formais da União e do direito comunitário, imperando a lei do mais forte.

A europa tentou conter a Alemanha, a grande potência do continente, durante décadas. Conseguiu-o através da sua divisão, enquanto o muro prevaleceu. Conseguiu-o também aliciando-a a participar em projectos europeus favoráveis ao crescimento da sua economia. Embora contenha e partilhe o seu próprio poder no quadro do multilateralismo europeu e atlântico, a Alemanha moldou politica, económica e institucionalmente a União, intensificando a sua hegemonia no período da crise, durante o qual fez prevalecer os seus interesses. Os mecanismos e instrumentos de governação económica da União que entretanto surgiram têm marca alemã. As soluções que prevaleceram foram made in germany, baseadas no modelo económico-financeiro alemão… É aqui que entra (ou devia ter entrado) a França, a outra grande potência continental e actor determinante na estrutura de distribuição de poder a nível europeu – longe de ser apenas mais um entre 28 estados-membros. O eixo franco-alemão foi desde sempre fundamental para o desenvolvimento do projecto comunitário e a França um interlocutor imprescindível aos restantes países – incluindo os periféricos, como Portugal, claro, incapaz de influenciar por si só os rumos traçados por um colosso.

Passava por aqui parte da esperança da eleição de Macron, político abertamente europeísta em tempos de eurocepticismo (para não dizer outra coisa…), que prometia recuperar o papel europeu da França e, juntamente com a Alemanha, reformar a União. Macron chega ao Eliseu com taxas de aprovação relativamente elevadas e um triunfo contundente sobre Le Pen, travando a ascensão dos extremos, e sobre as forças tradicionais do sistema partidário francês. Foi, para todos os efeitos, uma resposta singular, centrista, às actuais transformações políticas. Muitas pessoas sérias terão depositado as suas esperanças em Macron – outros terão, simplesmente, rejeitado Le Pen –, e muitas pessoas sérias desconhecerão o que é um Rothschild.

É o que temos. Procura desenfreada do lucro, crédito distribuído sem qualquer freio, uma bolha imobiliária gigantesca, falências, contágio das instituições financeiras europeias, resgates, níveis insuportáveis de dívida e juros galopantes, más políticas, uma união monetária mal concebida, austeridade brutal, empobrecimento, regressão de décadas dos salários reais, desespero, fúria, falência dos sistemas político-partidários, aparecimento de coisas pouco aconselháveis, e veremos que mais… 
 

slowboy

Tribuna Presidencial
18 Julho 2006
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  • José Maria Pedroto
tripeiro_de_gema disse:
Este pacto é uma verdadeira aberração, mas só podia ser um português e de esquerda a pensar nisto, o António Guterres.
Para além que é duma burrice descomunal.

O que está lá escrito e a prepotência com que falam em relação aos países que rejeitam isto joga mesmo a favor dos discursos nacionalistas.

Este pacto tem o efeito inverso ao propósito inicial.