Parece, na minha cabeça, que o Kelvin acabou de receber do Liedson e eu, naquela fracção de segundo, disse, lá no sector 46, fila 27, lugar 24 da bancada TMN: "calma, cruza!".
Ele não cruzou.
Aqueles milésimos de segundo pareceram uma eternidade, mas quando temos o ângulo perfeito para o lance, como eu tive a sorte de ter, há um momento em que vemos que o Artur já passou e a bola continua...e só tem uma estrutura chamada baliza como destino. O nosso destino.
Não chorei. Mas gostava de ter chorado.
Não sei se gritei golo. Se não gritei queria tê-lo feito como nunca. Deve tê-lo feito, afinal estou rouco agora mesmo.
Saltei, abracei conhecidos das guerras semanais, e desconhecidos das guerras ocasionais que me pareceram amigos de guerra.
Por momentos fui ao céu e voltei. E adorei.
O coração aguentou mas (raios!) podia ter morrido ali que morria em paz.
Aquilo que aconteceu hoje fica para os netos, para os filhos e principalmente, para nós. Os que tiveram a felicidade de lá estar e, principalmente, para aqueles que estão lá sempre. A sofrer e a apoiar.
Ainda falta um jogo, eu sei, e difícil por sinal, mas quero acreditar que tudo na vida tem uma razão de ser e que o "bem" trinufa sobre o "mal". Hoje essa minha convicção saiu reforçada.
Vou tentar dormir, se a adrenalina deixar
Obrigado Futebol Clube do Porto!
PS - "Puto" Kelvin, tenho quase 34 primaveras e não sou italiano
mas se um dia me cruzar contigo na rua dou-te um beijo!