Vi o jogo em casa, juntamente com o meu pai.
Na primeira meia hora estava algo apreensivo. Não por ter medo deste Benfica. Nada disso. Mas porque não estávamos a ser o Porto desta época. Demasiado chuto para a frente, dificuldade em sair a jogar, dificuldade em fazer troca de bola no meio-campo como tão bem sabemos fazer quando jogam Fernando, Moutinho, Belluschi ou Guarín, por exemplo. Mas o Porto acusou a pressão alta encarnada e não conseguíamos sair a jogar. Os laterais, esses, estavam bem tapados pela teia montada por Jesus.
Longe de pensar como os comentadores televisivos que afirmavam que o Benfica estava melhor. Melhor? Como melhor se apenas se preocupavam em nos anular? Intenções de perigo encarnado vi apenas um remate meio atabalhoado de Cardozo e um cabeceamento de Javi Garcia... de resto 0.
Nos últimos 15m da primeira metade o Porto equilibra, com um bom remate de Falcao, uma boa jogada de Hulk e um falhanço clamoroso de Falcao após jogada fulminante de Hulk. Ir para o intervalo a ganhar seria óptimo, mas mal sabia eu o que vinha aí.
Na segunda parte tudo mudou.
Lembro-me de comentar com o meu pai, confiante e esperançado: \"já estamos a dominar... este já é o PORTO, o jogo já é nosso! Já estamos a merecer\".
Depois surge o golo de Moutinho e eu grito como um louco. Mas no fundo no fundo eu já sabia que íamos acabar por marcar. Tal como sabia em Manchester no golo de Costinha em 2004. Há coisas assim. Somos tão melhores, tão melhores, que eu acredito num DESTINO, numa espécie de justiça divina.
E depois, também sabia que o mais díficil estava feito. Era só continuar a jogar assim.
Com este Moutinho e com este Fernando, que nada deixavam passar atrás... era só jogar no meio campo deles. E com Cristian a carburar... a dar tudo por tudo, a comer a relva... dando espaço aos talentos, aos génios de Hulk e Falcao ganharem asas e começarem a destruir tudo à sua volta.
E depois na 2ª parte houve Palito, esse comboio.
E o Palito deu no Hulk e este facturou. O destino... o destino de quem foi mal tratado naquele estádio há coisa cerca de um ano.
E depois, vimos todos que se estava a fazer HISTÓRIA.
Sentia nervosismo, sim, mas confiava, sabia que ia aparecer o terceiro.
E ele aparece por Radamel, jogada de génio, daquelas em que ele pega na bola e nós sabemos que vai ser jogada de bola, tem selo, às vezes dá para ver quando aquele início de corrida vai resultar em golo histórico... Falcao, pega na bola, no seu estilo inconfundível, de predador, de predador repentino... e lá vai ele, contra o mundo, contra tudo e contra todos, deixa um para trás, deixa dois, arranja espaço, vê por onde pode meter a bola, vê mais uma vez, decide-se pela presa, atira... a sorte protege os audazes.. e a bola entra.
É GOOOOLLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! DO POOOOORTOOOOOOOO!
Estava feito o 3x0.
O resto foi para inglês ver.
Porquê?
PORQUE ESTE É O NOSSO DESTINO!
Porquê?
PORQUE ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS!!!
(crónica caseira de um jogo histórico, onde a Luz - Trevas - deixou de ser um local de má índole para o Porto. A Luz, hoje em dia, é mais um palco de GLÓRIA azul e branca. Glória de um clube mítico, de um clube que nos orgulha, que nos enche a alma, que dá nome a Portugal e que projecta a sua cidade, um clube mundial, de cariz regional, bairrista com orgulho. Um clube que incorpora na sua mística jogadores como João Moutinho, um eterno derrotado no Sporting, mas que era um jogador à Porto mesmo antes de o ser, que transportou toda a sua raiva de ser jogador à Porto e de estar tantos anos num clube sem ganhar nada... agora está no clube certo, no seu clube, no clube do seu destino... e só quer GANHAR, GANHAR, GANHAR! TANTO PORTO!)