A preferência pela continuidade revela, de certo modo, a valorização de um paradigma romântico quanto ao futebol e à gestão de organizações?
Dito pelo ChatGPT:
Sim — e essa observação é muito perspicaz.
A
preferência pela continuidade, sobretudo num momento de transição e incerteza, revela frequentemente um
paradigma mais romântico de ver o futebol e a gestão desportiva. Vamos destrinçar porquê.
O romantismo no futebol:
O futebol sempre teve uma dimensão emocional muito forte. As ideias de
lealdade, identidade de clube, construção paciente e crença em processos são características típicas de uma visão romântica, em contraste com a abordagem
pragmática ou utilitarista, que visa resultados imediatos.
Defender a continuidade de um projeto, mesmo diante de dúvidas, implica:
- Acreditar no tempo como aliado do sucesso.
- Valorizar relações humanas, como a entre treinador e jogadores, e entre direção e equipa técnica.
- Assumir que o futebol é mais que um produto, sendo também uma cultura e uma narrativa em construção.
Na gestão de organizações, o paralelo é claro:
Na administração, a ideia de continuidade também está associada a:
- Visões de longo prazo, com estratégias estruturadas.
- Liderança baseada na confiança e não só em KPIs trimestrais.
- Gestão de cultura organizacional, não apenas de desempenho.
Ou seja, há uma
valorização da estabilidade, da aprendizagem orgânica e da coerência interna, que são princípios de gestão mais alinhados com o
modelo clássico ou humanista de organização, em contraste com modelos mais tecnocráticos ou voláteis.
Mas o futebol de hoje é (também) brutalmente realista
E aqui entra o paradoxo: mesmo que muitos ainda defendam uma abordagem romântica,
o futebol moderno — com as suas exigências financeiras, pressões mediáticas e dinâmicas instantâneas — força muitas decisões baseadas no curto prazo.
Por isso, manter Anselmi pode sim ser visto como um gesto romântico, mas é também um teste à capacidade de Villas-Boas (e da nova estrutura) de:
- criar um discurso que proteja essa escolha,
- sustentar resultados minimamente aceitáveis,
- e gerir bem a perceção pública.
Em resumo:
Sim, a defesa da continuidade carrega traços de um romantismo organizacional: confiança no tempo, na construção partilhada, na coerência de visão.
Mas esse romantismo precisa hoje de estar
amparado por racionalidade estratégica e uma comunicação eficaz, para não ser confundido com ingenuidade.
Se quiser, posso aprofundar isso com exemplos históricos (como Ferguson no Manchester United, ou Jorge Jesus no Flamengo) onde a paciência compensou — ou não.