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Certo, mas estava só a falar das eleições e de quem podia votar. Por muito más que fossem as restrições ao voto na 1ª Republica, o que estava antes e o que veio depois foi pior.
mas isso eu escrevi no post.
 

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Na 1ª República não podiam votar também, votou uma uma vez toparam e alteraram logo a lei. Segundo se lê porque a maioria era católica e poderia votar nos Partidos digamos extremistas de direita. Isso não evitou o fim da 1ª República por incapacidade de levar as pessoas a votar, salvo erro as últimas eleições tiveram menos de 20% de votantes. A "revolução" do Estado Novo copiou o que estava, acrescentou outras piores como proibiu os partidos e a livre expressão, e fomos de cavalo para burro mas a culpa disso partiu da incompetência dos ditos partidos democráticos e outros nem tanto cujos casos e "casinhos" levavam a dissolução do Parlamento várias vezes ao ano e à corrupção.
Estamos a ver um filme parecido não estamos? Embora os artistas sejam outros e a atualidade outra mas tem semelhanças isso tem.
Tb é preciso ter a perspectiva Históriica. Foi um período de convulsões em que se tentou evoluir em relação ao que havia. Antes da República acho que ainda era pior. No rei nem podias votar. E na Assembleia as limitações para além do género ainda incluiam o nível social das pessoas. Tenho sempre tendência a avaliar um determinado regime por ser melhor ou pior que o anterior, e em relação às eleições a 1a República foi melhor que a Monarquia, o Estado Novo pior que a 1a República, e a atual República... não há comparação obviamente.
A monarquia estava podre quando caíu em parte devido à bancarrota de 1899.
A 1ª República que citei no início em 1910 foi muito produtiva em leis, uma delas já que estamos num fórum de desporto foi obrigar no bom sentido as associações desportivas a registar-se antes disso não existia, o problema foi depois de nos metermos na guerra de 14-18 a partir daí o golpismo e a crise económica derivante dela, 1ª guerra mundial, levou a um período perturbador que falei e à descrença nas instituições, o fascismo salazarista não apareceu por acaso. O Rui Tavares num programa que não recordo o nome nem o canal tem falado sobre isso com muita documentação da época e é insuspeito de ter saudosismos salazaristas.
Não concordo com algumas coisas que foram ditas, mas respeito as opiniões. Este sim, um bom debate para se ter...

O republicanismo em Portugal tem, na verdade, mais de 200 anos. Em termos ideológicos, diria que a primeira grande manifestação dos ideais republicanos foi na Revolução Liberal de 1820, que contava com alguns republicanos - não assumidos, é certo. A Constituição de 1822 que surge é quase um intermédio entre uma monarquia constitucional e uma república, de tal forma que o D. Pedro se vê obrigado a outorgar quatro anos depois a Carta Constitucional, que retira esse "republicanismo" da equação e atribui mais poderes às instituições da monarquia. Tivemos ainda movimentos como o setembrismo, que procuravam derrubar os alicerces da monarquia, posto que muitos dos seus membros fossem moderados e almejassem tão só "modernizá-la" (Sá da Bandeira, Passos Manuel, ...), resultando na denominada Constituição Pactícia de 1838, outro compromisso entre um certo ideário republicano e a monarquia.

Nessa altura, já se formava um bipartidarismo prático entre um Partido Regenerador (o PSD / CDS de agora, digamos assim) e o Partido Histórico (que seria um PS). O caciquismo que conhecemos hoje existia, bem como as famosas alas dos partidos (o Sá da Bandeira, por exemplo, seria um PNS, tirando o facto de que este nunca será PM, na medida em que ambos recusam alianças com partidos à sua direita. O Duque de Loulé seria um Sérgio Sousa Pinto, fazendo uma espécie de bloco central. O Fontes Pereira de Melo, com as devidas diferenças, especialmente a sua capacidade reformista, seria um Montenegro.

A década de 1870 revela novos contornos, não só pela famosa Geração de 70, que traz consigo o ideal republicano em força, mas por cisões no seio do Partido Histórico, nomeadamente a criação do Partido Reformista, do Duque de Ávila e do Sá da Bandeira (um pouquinho mais à esquerda que o Histórico). Este último morre e ocorre uma fusão entre o Partido Histórico e o Reformista, formando-se o novo Partido Progressista, que possuía uma nova idiossincrasia: uma ala minoritária republicana. Concomitantemente, aparece um partido mais radical, o Partido Republicano, de fraca expressão nessa década, cuja ideologia assenta no republicanismo, no anticlericalismo e, eventualmente, no socialismo, com um forte apoio da Maçonaria. Seria um BE nessa época.

Até ao final da Monarquia, alterna-se entre o Partido Regenerador e o Partido Progressista. Contudo, com o ultimato inglês, o republicanismo ganha força e começa a existir um maior vigor do Partido Republicano, culminando no 31 de janeiro de 1891, que não logrou. Este é o primeiro boom que abala o regime monárquico.

Também o Partido Regenerador enfrentará cisões, nomeadamente aquela de João Franco, que cria uma espécie de Chega da altura, chegando ao poder em 1906, após o desgaste do seu partido originário e com o apoio do Partido Progressista (!). Franco acaba por instaurar uma ditadura, perseguindo as oposições políticas (designadamente os republicanos) e os estudantes, enquanto D. Carlos assiste com passividade. Eis o segundo boom, que resultará inelutavelmente no Regicídio de 1908. Curiosamente, tal como a expressão "sistema" do Ventura, também o João Franco possuía uma: o "rotativismo". A história poderá não se repetir, mas rima...

D. Manuel II torna-se rei e existe um horizonte de esperança na nação. Os políticos gostam dele e o povo tem simpatia. Moderado, Manuel decide nomear um governo de consenso, liderado por Ferreira do Amaral. A solução é apreciada por quase todos os quadrantes, exceto pelo Partido Republicano, que já aí tinha em mente uma "revolução". De facto, nesses dois últimos anos, o PR tenta sabotar não raras vezes os planos dos governos e do rei.

O jovem monarca estava tão empenhado na reconstrução do país que chega a incentivar um Partido Socialista no governo, porquanto, no seu entender, a questão social de Portugal era das mais gravosas. Quando a colaboração entre os partidos do sistema e o socialista estava quase a dar frutos, o Partido Republicano resolve proceder com um golpe de Estado...

A 1ª República é um falhanço pleno. O Partido Republicano só desejava, acima de tudo, o tão ambicionado "tacho", ao mesmo tempo que extremistas (Afonso Costa à cabeça) cometiam atos hediondos. Aquilo que Costa e o PR fizeram aos católicos não é muito diferente daquilo que a própria Inquisição havia feito séculos antes. Essa perseguição às instituições católicas resultou num atraso ainda maior do país, uma vez que os poucos apoios sociais existentes eram proporcionados por tais instituições. Foi um tiro no pé, do mesmo feitio daquele que o Marquês de Pombal deu quando expulsou os jesuítas de Portugal, prejudicando o sistema educacional português e atrasando este pedacinho de terra à beira do mar durante séculos.

O PR (Partido Democrático, renomeado) promove o caciquismo da monarquia para seu bel-prazer. A instabilidade financeira piora. Como se não fosse bastante, o PR tem a genial ideia de meter Portugal na 1ª Guerra Mundial, acabando por abandonar os soldados portugueses em terras estrangeiras. Isso leva a ditaduras, nomeadamente a de Sidónio Pais, o Presidente-Rei. Desde o final da Grande Guerra, tudo piora. Fátima aparece justamente como um eco do seu tempo, dando luz às perseguições aos católicos e aos terríveis efeitos da Guerra.

A vida do povo não mudou da Monarquia para a República; pelo contrário: foi-lhe retirada talvez a única coisa que dava alento, a religião. O golpe de Estado de 1910 e o de 1926 são golpes de elites. A extrema-direita na 1ª República já existia, sob o nome de Centro Católico Português, formado por Salazar, Cerejeira, Pacheco de Amorim e outros. Quando Salazar chega ao poder, a única diferença é que possui não só o apoio das elites, mas também o da classe média portuguesa, conforme evidenciam os escritos de Pessoa. A austeridade e o autoritarismo do Estado Novo não surpreendem ninguém, porquanto já existiam no regime anterior; a máquina da 2ª República consegue, eventualmente, agregar o povo à volta do Toninho, porém era absolutamente indiferente quem estava no poder.

Quando ouço o Rui Tavares a afirmar que o Estado Novo não era uma República, rio-me feito maluquinho. Não só por ser um grande erro no que concerne à Ciência política, mas também pelo facto de o próprio usar como critério distintivo uma suposta "democracia" da 1ª República, um regime que durante a maior parte dos seus 16 anos foi...autoritário.

Acho muito bem o maior enfoque em Salazar, até para servir de lição para aqueles que anseiam por alguém parecido, no entanto o que distingue o Dr. Botas do Afonso Costa não é muito...bom, talvez uma destrinça fundamental: Costa era um lunático que fazia as coisas para o seu próprio bem e com um ódio muito mal esclarecido pela religião; Salazar, no seu perverso discernimento, considerava-se um salvador da pátria, morrendo em relativa pobreza sem retirar nada ao Estado, embora permitisse o enriquecimento das elites à custa do povo.

Tivesse o Botinhas da cadeira saído depois da Segunda Guerra e, infelizmente, seria tido como um herói, do mesmo modo que Pombal ainda o é hodiernamente (erroneamente). Curiosa, a história...
 

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Não concordo com algumas coisas que foram ditas, mas respeito as opiniões. Este sim, um bom debate para se ter...

O republicanismo em Portugal tem, na verdade, mais de 200 anos. Em termos ideológicos, diria que a primeira grande manifestação dos ideais republicanos foi na Revolução Liberal de 1820, que contava com alguns republicanos - não assumidos, é certo. A Constituição de 1822 que surge é quase um intermédio entre uma monarquia constitucional e uma república, de tal forma que o D. Pedro se vê obrigado a outorgar quatro anos depois a Carta Constitucional, que retira esse "republicanismo" da equação e atribui mais poderes às instituições da monarquia. Tivemos ainda movimentos como o setembrismo, que procuravam derrubar os alicerces da monarquia, posto que muitos dos seus membros fossem moderados e almejassem tão só "modernizá-la" (Sá da Bandeira, Passos Manuel, ...), resultando na denominada Constituição Pactícia de 1838, outro compromisso entre um certo ideário republicano e a monarquia.

Nessa altura, já se formava um bipartidarismo prático entre um Partido Regenerador (o PSD / CDS de agora, digamos assim) e o Partido Histórico (que seria um PS). O caciquismo que conhecemos hoje existia, bem como as famosas alas dos partidos (o Sá da Bandeira, por exemplo, seria um PNS, tirando o facto de que este nunca será PM, na medida em que ambos recusam alianças com partidos à sua direita. O Duque de Loulé seria um Sérgio Sousa Pinto, fazendo uma espécie de bloco central. O Fontes Pereira de Melo, com as devidas diferenças, especialmente a sua capacidade reformista, seria um Montenegro.

A década de 1870 revela novos contornos, não só pela famosa Geração de 70, que traz consigo o ideal republicano em força, mas por cisões no seio do Partido Histórico, nomeadamente a criação do Partido Reformista, do Duque de Ávila e do Sá da Bandeira (um pouquinho mais à esquerda que o Histórico). Este último morre e ocorre uma fusão entre o Partido Histórico e o Reformista, formando-se o novo Partido Progressista, que possuía uma nova idiossincrasia: uma ala minoritária republicana. Concomitantemente, aparece um partido mais radical, o Partido Republicano, de fraca expressão nessa década, cuja ideologia assenta no republicanismo, no anticlericalismo e, eventualmente, no socialismo, com um forte apoio da Maçonaria. Seria um BE nessa época.

Até ao final da Monarquia, alterna-se entre o Partido Regenerador e o Partido Progressista. Contudo, com o ultimato inglês, o republicanismo ganha força e começa a existir um maior vigor do Partido Republicano, culminando no 31 de janeiro de 1891, que não logrou. Este é o primeiro boom que abala o regime monárquico.

Também o Partido Regenerador enfrentará cisões, nomeadamente aquela de João Franco, que cria uma espécie de Chega da altura, chegando ao poder em 1906, após o desgaste do seu partido originário e com o apoio do Partido Progressista (!). Franco acaba por instaurar uma ditadura, perseguindo as oposições políticas (designadamente os republicanos) e os estudantes, enquanto D. Carlos assiste com passividade. Eis o segundo boom, que resultará inelutavelmente no Regicídio de 1908. Curiosamente, tal como a expressão "sistema" do Ventura, também o João Franco possuía uma: o "rotativismo". A história poderá não se repetir, mas rima...

D. Manuel II torna-se rei e existe um horizonte de esperança na nação. Os políticos gostam dele e o povo tem simpatia. Moderado, Manuel decide nomear um governo de consenso, liderado por Ferreira do Amaral. A solução é apreciada por quase todos os quadrantes, exceto pelo Partido Republicano, que já aí tinha em mente uma "revolução". De facto, nesses dois últimos anos, o PR tenta sabotar não raras vezes os planos dos governos e do rei.

O jovem monarca estava tão empenhado na reconstrução do país que chega a incentivar um Partido Socialista no governo, porquanto, no seu entender, a questão social de Portugal era das mais gravosas. Quando a colaboração entre os partidos do sistema e o socialista estava quase a dar frutos, o Partido Republicano resolve proceder com um golpe de Estado...

A 1ª República é um falhanço pleno. O Partido Republicano só desejava, acima de tudo, o tão ambicionado "tacho", ao mesmo tempo que extremistas (Afonso Costa à cabeça) cometiam atos hediondos. Aquilo que Costa e o PR fizeram aos católicos não é muito diferente daquilo que a própria Inquisição havia feito séculos antes. Essa perseguição às instituições católicas resultou num atraso ainda maior do país, uma vez que os poucos apoios sociais existentes eram proporcionados por tais instituições. Foi um tiro no pé, do mesmo feitio daquele que o Marquês de Pombal deu quando expulsou os jesuítas de Portugal, prejudicando o sistema educacional português e atrasando este pedacinho de terra à beira do mar durante séculos.

O PR (Partido Democrático, renomeado) promove o caciquismo da monarquia para seu bel-prazer. A instabilidade financeira piora. Como se não fosse bastante, o PR tem a genial ideia de meter Portugal na 1ª Guerra Mundial, acabando por abandonar os soldados portugueses em terras estrangeiras. Isso leva a ditaduras, nomeadamente a de Sidónio Pais, o Presidente-Rei. Desde o final da Grande Guerra, tudo piora. Fátima aparece justamente como um eco do seu tempo, dando luz às perseguições aos católicos e aos terríveis efeitos da Guerra.

A vida do povo não mudou da Monarquia para a República; pelo contrário: foi-lhe retirada talvez a única coisa que dava alento, a religião. O golpe de Estado de 1910 e o de 1926 são golpes de elites. A extrema-direita na 1ª República já existia, sob o nome de Centro Católico Português, formado por Salazar, Cerejeira, Pacheco de Amorim e outros. Quando Salazar chega ao poder, a única diferença é que possui não só o apoio das elites, mas também o da classe média portuguesa, conforme evidenciam os escritos de Pessoa. A austeridade e o autoritarismo do Estado Novo não surpreendem ninguém, porquanto já existiam no regime anterior; a máquina da 2ª República consegue, eventualmente, agregar o povo à volta do Toninho, porém era absolutamente indiferente quem estava no poder.

Quando ouço o Rui Tavares a afirmar que o Estado Novo não era uma República, rio-me feito maluquinho. Não só por ser um grande erro no que concerne à Ciência política, mas também pelo facto de o próprio usar como critério distintivo uma suposta "democracia" da 1ª República, um regime que durante a maior parte dos seus 16 anos foi...autoritário.

Acho muito bem o maior enfoque em Salazar, até para servir de lição para aqueles que anseiam por alguém parecido, no entanto o que distingue o Dr. Botas do Afonso Costa não é muito...bom, talvez uma destrinça fundamental: Costa era um lunático que fazia as coisas para o seu próprio bem e com um ódio muito mal esclarecido pela religião; Salazar, no seu perverso discernimento, considerava-se um salvador da pátria, morrendo em relativa pobreza sem retirar nada ao Estado, embora permitisse o enriquecimento das elites à custa do povo.

Tivesse o Botinhas da cadeira saído depois da Segunda Guerra e, infelizmente, seria tido como um herói, do mesmo modo que Pombal ainda o é hodiernamente (erroneamente). Curiosa, a história...
Isto dava um debate muito interessante mas não tenho tempo porque depois havia interpelações e demorava muito tempo.
Apenas duas notas; quando me referí ao Rui Tavares foi quando ele num programa que apanhei por acaso e ele falou do último ou penúltimos anos da 1ª República - estava totalmente podre e ele comprovou com jornais da altura, a parte que focas não ví por isso não me pronuncio nem falei dela.
A 2ª nota é a bancarrota, salvo erro, de 1899 que não falaste e que levou a diversas situações que liquidaram a monarquia e não ajudaram a República a singrar, aliás a última tranche do calote foi paga no tempo de Guterres creio. A economia por muito que alguns não acreditem é o motor principal de tudo e continua a ser.
Mais duas notas; o anticlericalismo de governantes da 1ª República foi uma desgraça e foi com esses ensinamentos que no pós 25 de Abril não se voltou ao mesmo havendo partidos totalmente laicos que não simpatizavam com a Igreja mas não a hostilizaram e bem. Salazar nunca saíria do poder em nenhuma circunstância pelo seu próprio pé porque estava na sua essência não o fazer, outros da mesma estirpe pelo mundo fora saíram depois de morrerem ou fuzilados e alguns no poder neste momento será igual.
 

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Isto dava um debate muito interessante mas não tenho tempo porque depois havia interpelações e demorava muito tempo.
Apenas duas notas; quando me referí ao Rui Tavares foi quando ele num programa que apanhei por acaso e ele falou do último ou penúltimos anos da 1ª República - estava totalmente podre e ele comprovou com jornais da altura, a parte que focas não ví por isso não me pronuncio nem falei dela.
A 2ª nota é a bancarrota, salvo erro, de 1899 que não falaste e que levou a diversas situações que liquidaram a monarquia e não ajudaram a República a singrar, aliás a última tranche do calote foi paga no tempo de Guterres creio. A economia por muito que alguns não acreditem é o motor principal de tudo e continua a ser.
Mais duas notas; o anticlericalismo de governantes da 1ª República foi uma desgraça e foi com esses ensinamentos que no pós 25 de Abril não se voltou ao mesmo havendo partidos totalmente laicos que não simpatizavam com a Igreja mas não a hostilizaram e bem. Salazar nunca saíria do poder em nenhuma circunstância pelo seu próprio pé porque estava na sua essência não o fazer, outros da mesma estirpe pelo mundo fora saíram depois de morrerem ou fuzilados e alguns no poder neste momento será igual.
Ah, eu não falei do Tavares por causa do que disseste. Veio-me à mente o excelente discurso dele nos 50 anos do 25 de abril, onde afirmou que o Estado Novo nunca foi a 2.ª república.

Sim, tens completa razão quanto a 1899. Mencionei apenas ao de leve, porque já tinhas abordado essa parte. O ultimato, a bancarrota e o João Franco foram mesmo os catalisadores.

De resto, concordo plenamente.
 

wolfheart

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30 Novembro 2015
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A monarquia estava podre quando caíu em parte devido à bancarrota de 1899.
A 1ª República que citei no início em 1910 foi muito produtiva em leis, uma delas já que estamos num fórum de desporto foi obrigar no bom sentido as associações desportivas a registar-se antes disso não existia, o problema foi depois de nos metermos na guerra de 14-18 a partir daí o golpismo e a crise económica derivante dela, 1ª guerra mundial, levou a um período perturbador que falei e à descrença nas instituições, o fascismo salazarista não apareceu por acaso. O Rui Tavares num programa que não recordo o nome nem o canal tem falado sobre isso com muita documentação da época e é insuspeito de ter saudosismos salazaristas.
O gajo que matou o último rei de Portugal era da minha terra. O Sargento Buiça era um republicano. Sei que era um tipo de tomates, por várias razões ...primeiro porque seres um "insurgente" contra um tipo de hierarquia social estabelecida há séculos, mesmo que em segredo, tinhas que ser valente.
Mas o acto em si, em que o Buiça, na Praça do Comércio, vem em corrida, com armas que não são nada do que há hoje e a 50 metros, assenta joelho no chão, aponta consegue dar dois tiros certeiros em zonas vitais, no Rei e num dos descendentes, que iam numa carruagem em movimento.... Fiz serviço militar...cálculo o que fazer isso requer de frieza. Pelo facto de acabar de correr e disparar juntando á adrenalina e nervos.
Nervos de aço ...no mínimo o Buiça teve
 
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O gajo que matou o último rei de Portugal era da minha terra. O Sargento Buiça era um republicano. Sei que era um tipo de tomates, por várias razões ...primeiro porque seres um "insurgente" contra um tipo de hierarquia social estabelecida há séculos, mesmo que em segredo, tinhas que ser valente.
Mas o acto em si, em que o Buiça, na Praça do Comércio, vem em corrida, com armas que não são nada do que há hoje e a 50 metros, assenta joelho no chão, aponta consegue dar dois tiros certeiros em zonas vitais, no Rei e num dos descendentes, que iam numa carruagem em movimento.... Fiz serviço militar...cálculo o que fazer isso requer de frieza. Pelo facto de acabar de correr e disparar juntando á adrenalina e nervos.
Nervos de aço ...no mínimo o Buiça teve
Eu sei o que isso é e ainda hoje com armas incomparávelmente de maior precisão muitos acertam no alvo errado. Muitos por falta de treino, outros por inaptidão para a função.
Falando do Buiça...Desgraçou a vida dele com esse ato, foi valente mas estúpido a monarquia caíria de qualquer forma era questão de tempo.
 

Cheue

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12 Maio 2016
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Faltou aí dizer que nunca tiveram covid, nem homossexuais nem lésbicas etc.
E se tiveram foram "viver para um mundo melhor" - o grande líder não falha nunca.

"De acordo com desertores e alguns investigadores da propaganda do regime, o governo promovia ideias como:

Kim Jong-il
  • não precisava de usar a casa de banho porque o seu corpo era tão "perfeito" que não produzia resíduos.
  • Ele teria aprendido a andar aos 3 semanas de idade e começado a falar pouco depois.
  • Fez 11 holes-in-one na primeira vez que jogou golfe.


Kim Jong-un
  • Capacidade de "Encurtar Distâncias" (Chukjibeop)
    A propaganda norte-coreana atribui a Kim Jong-un a habilidade mística de se deslocar instantaneamente, uma técnica chamada chukjibeop, associada a imortais taoístas.
  • Influência sobre o Clima
    Acredita-se que a presença de Kim Jong-un em locais sagrados, como o Monte Paektu, pode alterar as condições climáticas, simbolizando sua ligação divina com a natureza.
  • Descoberta da "Toca do Unicórnio"
    Em 2012, a mídia estatal anunciou a descoberta de uma caverna onde um unicórnio mítico teria vivido, associando Kim Jong-un à linhagem real do antigo reino de Goguryeo."
 

Dagerman

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1 Abril 2015
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O gajo que matou o último rei de Portugal era da minha terra. O Sargento Buiça era um republicano. Sei que era um tipo de tomates, por várias razões ...primeiro porque seres um "insurgente" contra um tipo de hierarquia social estabelecida há séculos, mesmo que em segredo, tinhas que ser valente.
Mas o acto em si, em que o Buiça, na Praça do Comércio, vem em corrida, com armas que não são nada do que há hoje e a 50 metros, assenta joelho no chão, aponta consegue dar dois tiros certeiros em zonas vitais, no Rei e num dos descendentes, que iam numa carruagem em movimento.... Fiz serviço militar...cálculo o que fazer isso requer de frieza. Pelo facto de acabar de correr e disparar juntando á adrenalina e nervos.
Nervos de aço ...no mínimo o Buiça teve
Sempre achei incongruente que a República não homenageasse com nomes de ruas o Buíça e o outro cujo nome me escapa como "mártires" da sua causa.
Quando há tanta rua com o nome D. Manuel II. É por serem assassinos? O que na falta na toponímia portuguesa são assassinos mil vezes piores do que o Buíça. Não se compreende.
 
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"De acordo com desertores e alguns investigadores da propaganda do regime, o governo promovia ideias como:

Kim Jong-il
  • não precisava de usar a casa de banho porque o seu corpo era tão "perfeito" que não produzia resíduos.
  • Ele teria aprendido a andar aos 3 semanas de idade e começado a falar pouco depois.
  • Fez 11 holes-in-one na primeira vez que jogou golfe.


Kim Jong-un
  • Capacidade de "Encurtar Distâncias" (Chukjibeop)
    A propaganda norte-coreana atribui a Kim Jong-un a habilidade mística de se deslocar instantaneamente, uma técnica chamada chukjibeop, associada a imortais taoístas.
  • Influência sobre o Clima
    Acredita-se que a presença de Kim Jong-un em locais sagrados, como o Monte Paektu, pode alterar as condições climáticas, simbolizando sua ligação divina com a natureza.
  • Descoberta da "Toca do Unicórnio"
    Em 2012, a mídia estatal anunciou a descoberta de uma caverna onde um unicórnio mítico teria vivido, associando Kim Jong-un à linhagem real do antigo reino de Goguryeo."
Esse tipo de super-poderes eram muito comum nos regimes comunistas. O Estaline também era o maior filósofo, o maior cientista, o melhor escritor, o melhor condutor de tanques, wrestler, dançarino, etc. da URSS.
 

sirmister

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"De acordo com desertores e alguns investigadores da propaganda do regime, o governo promovia ideias como:

Kim Jong-il
  • não precisava de usar a casa de banho porque o seu corpo era tão "perfeito" que não produzia resíduos.
  • Ele teria aprendido a andar aos 3 semanas de idade e começado a falar pouco depois.
  • Fez 11 holes-in-one na primeira vez que jogou golfe.


Kim Jong-un
  • Capacidade de "Encurtar Distâncias" (Chukjibeop)
    A propaganda norte-coreana atribui a Kim Jong-un a habilidade mística de se deslocar instantaneamente, uma técnica chamada chukjibeop, associada a imortais taoístas.
  • Influência sobre o Clima
    Acredita-se que a presença de Kim Jong-un em locais sagrados, como o Monte Paektu, pode alterar as condições climáticas, simbolizando sua ligação divina com a natureza.
  • Descoberta da "Toca do Unicórnio"
    Em 2012, a mídia estatal anunciou a descoberta de uma caverna onde um unicórnio mítico teria vivido, associando Kim Jong-un à linhagem real do antigo reino de Goguryeo."
Nunca foi provado que os Kim não conseguiam fazer isso.
 
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Sempre achei incongruente que a República não homenageasse com nomes de ruas o Buíça e o outro cujo nome me escapa como "mártires" da sua causa.
Quando há tanta rua com o nome D. Manuel II. É por serem assassinos? O que na falta na toponímia portuguesa são assassinos mil vezes piores do que o Buíça. Não se compreende.
Talvez porque o golpe tinha como objetivo matar João Franco e proclamar a República e não matar o Rei e o Principe herdeiro. Ainda hoje existem várias teorias sobre esta questão e nenhuma está provada, foram presos anteriormente vários conspiradores dos quais escaparam Buiça e mais um ou dois sendo que nenhum deles eram cabecilhas.
Matar Carlos e Luís Filipe não fez acabar a Monarquia, sucedeu-lhe o filho mais novo Manuel embora por pouco tempo mas não foi assassinado e saíu do País num barco com dignidade proporcionada pelos revoltosos do 5 de Outubro.
Ele deixou uma carta tipo testamento que é comovente, ele sabia que ia morrer;
O testamento de Buíça, o homem que matou o rei D. Carlos
"Sou natural de Bouçoaes, concelho de Valpassos districto de Villa Real (Traz-os-Montes), fui casado com D. Herminia Augusta da Costa Buiça (...) Viúvo, ficaram-me de minha mulher dois filhos a saber: Elvira que nasceu em 19 de dezembro de 1900 (...) e que não está ainda baptisada nem registada civilmente por motivos contrarios da minha vontade; e Manuel que nasceu em 12 de Setembro de 1907 nas Escadinhas da Mouraria numero quatro, quarto andar, esquerdo e foi registado na administração do primeiro bairro de Lisboa no dia onze de outubro do anno acima referido. Foram testemunhas do acto Albano Jose Correia, casado empregado no commercio e Aquilino Ribeiro, solteiro, publicista. Ambos os meus filhos vivem comigo e com a avó materna nas Escadinhas da Mouraria n. 4, 4.º andar, esquerdo. Minha familia vive em Vinhaes para onde se deve participar a minha morte ou o meo desapparecimento caso se deam. Meus filhos ficam pobrissimos; não tenho nada que lhes legar senão o meu nome e o respeito e compaixão pelos que soffrem. Peço que os eduquem nos principios de liberdade, egualdade e fraternidade em que eu comungo e por causa das quaes ficarão, porventura, em breve, orfãos". O testamento de Manuel Buíça, entregue ao escritor Aquilino Ribeiro, é datado de 28 de Janeiro de 1908. O regicídio acontece quatro dias depois, a 1 de Fevereiro.

Foi um episódio triste e talvez nunca tenham colocado o seu nome numa rua porque o assassínio do Rei e do filho deixaram marcas na Sociedade.
Como diria Herman José como Diácono Remédios "não havia necessidade"
 
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Dagerman

Tribuna Presidencial
1 Abril 2015
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Talvez porque o golpe tinha como objetivo matar João Franco e proclamar a República e não matar o Rei e o Principe herdeiro. Ainda hoje existem várias teorias sobre esta questão e nenhuma está provada, foram presos anteriormente vários conspiradores dos quais escaparam Buiça e mais um ou dois sendo que nenhum deles eram cabecilhas.
Matar Carlos e Luís Filipe não fez acabar a Monarquia, sucedeu-lhe o filho mais novo Manuel embora por pouco tempo mas não foi assassinado e saíu do País num barco com dignidade proporcionada pelos revoltosos do 5 de Outubro.
Ele deixou uma carta tipo testamento que é comovente, ele sabia que ia morrer;
O testamento de Buíça, o homem que matou o rei D. Carlos
"Sou natural de Bouçoaes, concelho de Valpassos districto de Villa Real (Traz-os-Montes), fui casado com D. Herminia Augusta da Costa Buiça (...) Viúvo, ficaram-me de minha mulher dois filhos a saber: Elvira que nasceu em 19 de dezembro de 1900 (...) e que não está ainda baptisada nem registada civilmente por motivos contrarios da minha vontade; e Manuel que nasceu em 12 de Setembro de 1907 nas Escadinhas da Mouraria numero quatro, quarto andar, esquerdo e foi registado na administração do primeiro bairro de Lisboa no dia onze de outubro do anno acima referido. Foram testemunhas do acto Albano Jose Correia, casado empregado no commercio e Aquilino Ribeiro, solteiro, publicista. Ambos os meus filhos vivem comigo e com a avó materna nas Escadinhas da Mouraria n. 4, 4.º andar, esquerdo. Minha familia vive em Vinhaes para onde se deve participar a minha morte ou o meo desapparecimento caso se deam. Meus filhos ficam pobrissimos; não tenho nada que lhes legar senão o meu nome e o respeito e compaixão pelos que soffrem. Peço que os eduquem nos principios de liberdade, egualdade e fraternidade em que eu comungo e por causa das quaes ficarão, porventura, em breve, orfãos". O testamento de Manuel Buíça, entregue ao escritor Aquilino Ribeiro, é datado de 28 de Janeiro de 1908. O regicídio acontece quatro dias depois, a 1 de Fevereiro.

Foi um episódio triste e talvez nunca tenham colocado o seu nome numa rua porque o assassínio do Rei e do filho deixaram marcas na Sociedade.
Como diria Herman José como Diácono Remédios "não havia necessidade"
Não acredito que o alvo fosse apenas o João Franco. Não faria sentido e não se enquadra com os factos.
É verdade que a monarquia não caiu por causa do regicídio, mas nem por isso o Buíça deixa de ser um mártir da causa republicana, e normalmente as causas costumam homenagear os seus "mártires".