Eu questiono-me se as pessoas acham mesmo que com 3ºs e 4ºs lugares e prestações europeias pobres vamos valorizar jogadores, atrair patrocínios e investimento, conseguir manter uma grande fidelidade dos adeptos no estádio etc.
É assim que se melhoram as contas?
É que a única forma de as melhorar com essas performances desportivas é "troika" investir cada vez menos de tal forma que mesmo que se venda um bocado por baixo, é tudo lucro.
Mas o FCP não é um armazém de secos e molhados.
As coisas não são preto e branco!
Há nuances e é preciso colocá-las em contexto.
Tendencialmente sim, os títulos são a génese e o pulsar de todo funcionamento do ecossistema do clube.
Mas nem sempre vamos ganhar. Porque estamos sempre sujeitos ao fator aleatório do jogo e outros fatores não tão "aleatórios".
Nem sempre apostar tudo em títulos a curto prazo será o caminho mais eficaz para um longo periodo de vitórias sustentadas. Isso foi bem visivel nos últimos anos de gestão no fio da navalha, como segurar jogadores para lá do binómio rendimento/rentabilidade ótimos, alguns acabando por sair a custo zero e outros abaixo do valor de mercado. Isto obrigou a SAD a cativar cada vez mais receitas futuras a juros inaceitáveis.
Nem sempre uma performance mediocre significa baixa de valorização de ativos. O melhor exemplo até são Galeno e Nico, onde nesta época sairam por bons valores. E na relação com os patrocinadores estavamos a caminhar para uma degradação da percepção e credibilidade institucional (ie com diversas falhas de cumprimentos de encargos) que num curto prazo tornar-se-iam bem mais nefastas que maus resultados desportivos.
Ou seja, sim, a SAD tinha OBRIGATÓRIAMENTE arrepiar caminho no seu modelo de gestão dos últimos anos. Sendo que o maior desafio estava já bem identificado, a curto prazo, com balanço de encargos ALTAMENTE deficitário, com efeitos diretos e óbvios na capacidade de investir na equipa. Sim, a SAD tinha de rapidamente se tornar credivel no mercado e perante todos os seus stakeholders.
Dito isto, a Direção saberá que terá de retroalimentar a componente desportiva e rodear-se de competência para pôr o clube no caminho dos êxitos desportivos. E concordo que, visto de fora, poderão ter avaliado com alguma ligeireza alguns dossiers, nomeadamente e à cabeça no perfil dos treinadores. Não tanto nos jogadores. Com a excepção da falta de um ou outro elemento com mais experiência/veterania.
Enfim, nem tudo é bom. Nem tudo é mau. E pessoalmente compreendo a grande maioria das decisões e escolhas da Administração, pois é preciso SEMPRE situar o seu contexto. E recuso, sobretudo, visões catastróficas porque, lá está, não é tudo preto e branco. Em especial no desporto. Menos ainda creio na perda de vínculo com adeptos. Pois a paixão é maior certeza que temos e estará sempre presente!